América do Sul alerta contra "ações unilaterais" nas tensão entre Venezuela e Guiana

por Lusa

Países sul-americanos alertaram hoje a Venezuela e Guiana que contra "ações unilaterais" e mostraram-se preocupados com a tensão crescente entre os dois países.

O pedido foi feito numa declaração divulgada no final da cimeira bianual do Mercosul (Argentina, Bolívia, Brasil, Uruguai e Paraguai), realizada no Rio de Janeiro, que também foi assinada pelo Chile, Colômbia, Equador e Peru.

Em comunicado, "os Estados Partes do Mercosul manifestam a sua profunda preocupação com a elevação das tensões entre a República Bolivariana da Venezuela e a República Cooperativa da Guiana".

Na mesma nota, os países signatários sublinharam que a "América Latina deve ser um território de paz".

Por fim, alertaram "sobre ações unilaterais que devem ser evitadas, pois adicionam tensão" e apelaram a ambas as partes ao diálogo e à busca de uma solução pacífica "a fim de evitar ações e iniciativas unilaterais que possam agravá-la".

As divergências ressurgiram depois do Governo de Nicolás Maduro ter convocado um referendo para o dia 30 de novembro sobre a possível incorporação do Essequibo no mapa nacional e a concessão da nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da área disputada.

O referendo teve a participação de 10,5 milhões de eleitores venezuelanos, dos quais 95,93% aceitaram incorporar oficialmente Essequibo no país e a concessão de cidadania e de documento de identidade aos mais de 120 mil guianenses que vivem no território. 

Na quarta-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou a criação de um estado na Guiana e a anexação do território de Essequibo, aumentando as tensões na região.

O anúncio foi feito durante um Conselho Federal de Governo (CFG), no qual participaram o Conselho de Estado e o Conselho de Defesa da Nação (CDF), no auditório da Universidade Militar do Exército, no Forte de Tiúna, a principal base militar de Caracas.

A região de Essequibo, que aparecia nos mapas venezuelanos como "zona em reclamação", está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.

Com uma extensão de 160 mil quilómetros quadrados e rico em minerais, Essequibo está sob administração da Guiana, com base num documento assinado em Paris, em 1899, que estabelece limites territoriais que a Venezuela não aceita.

Em 2015, a ExxonMobil descobriu várias jazidas petrolíferas no Essequibo.

Entretanto, a Guiana autorizou já oito empresas petrolíferas estrangeiras a explorar jazidas petrolíferas em águas reclamadas pela Venezuela.

Tópicos
PUB