Aministia Internacional denuncia "risco real de genocídio" na Faixa de Gaza

por Cláudia Aguiar Rodrigues - Antena 1

EPA

A Amnistia Internacional afirmou hoje ter “novas provas” de que os “ataques ilegais” de Israel na Faixa de Gaza causaram “um enorme número de vítimas civis” e que existe “um risco real de genocídio”.

Em comunicado, a organização não-governamental de defesa e promoção dos direitos humanos, com sede em Londres, declarou ter provas que demonstram como as forças israelitas “continuam a desrespeitar o direito humanitário internacional, destruindo famílias inteiras com total impunidade”.

A organização adiantou ter realizado uma investigação sobre quatro ataques israelitas, três em dezembro de 2023, após o fim da pausa humanitária, e um em janeiro de 2024, em Rafah, a província mais a sul da Faixa de Gaza, numa altura em que era supostamente a zona "mais segura" da região, “mas onde as forças israelitas estão atualmente a preparar-se para uma operação terrestre”.

“Esta operação terá certamente consequências devastadoras para mais de um milhão de pessoas que se encontram encurraladas numa área de 63 quilómetros quadrados, na sequência de sucessivas vagas de deslocação em massa”, escreveu a AI no documento.

A AI afirma ter visitado os locais dos quatro ataques e tirou fotografias e vídeos da destruição e entrevistou 18 pessoas, incluindo 14 sobreviventes e quatro familiares que participaram nas operações de salvamento.

Segundo a AI, o Laboratório de Evidências de Crise da organização analisou imagens de satélite, fotografias e vídeos para localizar geograficamente e verificar os ataques e a destruição resultante.

“Pelo menos 95 civis, dos quais, 42 crianças, foram mortos em quatro ataques ilegais em Rafah. Os quatro ataques são provavelmente ataques diretos contra civis e objetivos civis e devem ser investigados como crimes de guerra”, afirmou a AI.

A organização referiu que não encontrou qualquer indicação de que os edifícios residenciais atingidos pudessem ser considerados objetivos militares legítimos ou de que as pessoas que se encontravam nos edifícios fossem alvos militares.

“As provas recolhidas pela AI indicam que os militares israelitas não avisaram eficazmente, ou mesmo de forma alguma - pelo menos as pessoas que viviam nos locais atingidos - antes de efetuarem os ataques. Tal como aconteceu com os outros ataques, as autoridades israelitas não apresentaram uma razão para este ataque”, sublinhou.

Segundo a Amnistia, quatro meses após o início da ofensiva israelita, “mais de 28.000 palestinianos foram mortos e mais de 60.000 ficaram feridos no meio de uma catástrofe humanitária sem precedentes”.

No comunicado, de sete páginas, a AI deu conta de “vários testemunhos aterradores de sobreviventes” como Islam Harb, de 30 anos, que perdeu três dos seus quatro filhos.

“Ouvi uma explosão enorme. Não me lembro de ter visto nada, ouvi apenas um som tão forte e perdi a consciência. Acordei no hospital e a primeira coisa de que me lembro foi de perguntar pelos meus filhos. Só Leen, de quatro anos, sobreviveu. A minha família passou dias a tentar retirar os restos mortais dos escombros. O corpo do meu irmão Khalil [de 25 anos] foi encontrado em pedaços a 200 metros de distância da casa, devido à força do impacto. Os corpos pequenos dos meus filhos ficaram em pedaços", relatou Harb.

(Com Lusa)
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