Angolanos marcham no sábado contra violência e abuso de mulheres

Representantes da sociedade civil angolana anunciaram para sábado uma marcha nacional contra o abuso sexual de meninas e mulheres e em solidariedade para com uma jovem de 15 anos recentemente vítima de agressões sexuais.

Lusa /

A informação foi avançada hoje pelo ativista Jaime Mussinda, membro do Movimento Cívico Mudei e afeto à coordenação da marcha de repúdio, dando nota de que a iniciativa de diversos membros da sociedade civil foi oficialmente ratificada por seis mulheres.

"Esta marcha tem como finalidade exigirmos das autoridades o fim da banalização da vida e a dignidade das meninas e mulheres. Há um tempo a esta parte as mulheres têm sido alvo de um combate sistemático e de incumprimento dos tratados e convenções específicos que defendem a mulher", afirmou Jaime Mussinda.

Em declarações à Lusa, o ativista lamentou os "reiterados" atos de agressão contra mulheres e meninas: "São abusadas sexualmente aos olhos de todos e parece que as autoridades nada fazem para resolver essa situação e responsabilizar civil e criminalmente os infratores", atirou.

"É esta situação que nos preocupa, porque a mulher é nossa mãe, filha e mulher e que merece atenção, respeito e proteção o que não tem sido feito", insistiu, salientando que a marcha, agendada para sábado, deve ocorrer em Luanda e em outras províncias angolanas.

O caso de uma menor de 15 anos agredida e abusada sexualmente no fim de semana no município de Viana, em Luanda, por dois homens que partilharam o vídeo das agressões nas redes sociais está a causar indignação e comoção entre os angolanos, com ativistas, membros da sociedade civil, partidos políticos, governantes e figuras públicas a repudiar o ato e exigir a responsabilização dos criminosos.

Mussinda acusou efetivos das forças de defesa e segurança nacional de estarem envolvidos no crime, referindo que, para concretizarem o abuso, terão usado uma arma de fogo e que as autoridades estão "encobrir" e tratar o caso "de forma leviana".

O Serviço de Investigação Criminal (SIC) anunciou, na segunda-feira, a detenção de dois suspeitos, mas negou que pertençam às forças de defesa e segurança.

Na terça-feira à noite o deputado da UNITA (oposição angolana) Jeremias Mahula, foi interpelado e conduzido ao comando municipal de Viana da Polícia Nacional, quando se deslocou àquele local para obter mais informações sobre a vítima, avançou à Lusa o quarto presidente do grupo parlamentar do partido, Olívio Kilumbu.

Segundo Kilumbu, o deputado concedia uma entrevista a um grupo de jornalistas que se encontravam próximos do local quando foi interrompido pela polícia e levado, apesar de se ter identificado, tendo sido colocado em liberdade no mesmo dia, depois de intervenção do grupo parlamentar.

"Chamamos atenção ao comandante, que se estava a cometer um erro, que isso não estava correto, [e] ele recuou na sua posição", indicou o responsável da UNITA.

"Marchamos pela menina Belma. Marchamos por todas as meninas e mulheres silenciadas. Marchamos para exigir cadeia para abusadores, sem exceções, sem proteções, sem desculpas", são algumas das palavras de ordem citadas num comunicado da organização consultado pela Lusa.

Luanda, Benguela e Uíje são algumas das províncias que vão marchar "juntas, unidas por justiça, dignidade e proteção das nossas crianças", refere-se ainda no anúncio.

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