Apoiantes impedem Lula da Silva de sair do Sindicato

por RTP
Reuters

Dezenas de pessoas, empunhando bandeiras do PT e vestidas de vermelho, impediram a abertura dos portões de uma das saídas do Sindicato dos Metalúrgicos que o carro descaracterizado onde seguia o ex-Presidente brasileiro, Lula da Silva, ia atravessar, entregando-se à Polícia Federal.

Após alguns minutos, Lula da Silva acabou por sair do veículo e voltou a entrar no edifício. Passava pouco das 21h00 em Portugal, 17h00 em São Paulo.

Dentro do carro, além de Lula da Silva e do seu advogado Cristiano Zanin, estavam Paulo Okamotto, o segurança e o diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges.

De acordo com a edição on-line do jornal A Folha de São Paulo, os militantes do PT que estão dentro do Sindicato dos Metalurgicos, bloquearam também passagens internas do edifício para tentar dificultar s saída dele e da polícia.
Meia hora para Lula se entregar
O jornal escreve que as lideranças sindicais tentam apaziguar os ânimos mas há grande resistência em obedecer as orientações para que Lula se entregue sem problemas.

De acordo com a publicação, a Polícia Federal está a perder a paciência e já deu um ultimato, meia-hora, para Lula da Silva se entregar, ameaçando mandar avançar a polícia de choque - uma decisão autorizada pelo responsável governamental pela Segurança.

Também o Ministério Público pediu a prisão preventiva, e o juiz Sérgio Moro já avisou a direção do PT de que está disposto a decreta-la.

Se Lula não se apresentar, a polícia entra. E Lula pode perder direito ao habeas corpus, refere o A Folha de São Paulo.
Gleisi apela ao fim da resistência
O ex-Presidente deveria seguir sob escolta de carro até ao aeroporto de Congonhas, onde iria embarcar no avião da Polícia Federal que o levaria para Curitiba, local onde deverá cumprir o início da pena de 12 anos e um mês a que foi condenado.

Uma hora depois de Lula ter regressado ao Sindicato, onde passou as duas últimas noites, a presidente do PT e senadora, Gleisi Hoffmann, apelou aos apoiantes para deixarem Lula sair.

"A coisa que eu mais queria era resistência", disse a presidente do PT, lembrando depois os riscos que a resistência pode colocar, ao gerar um pedido de prisão preventiva dificultando os recursos. Gleisi alertou também  para o risco da polícia recorrer à violência para retirar os manifestantes do local, abrindo passagem a Lula.

"O que vamos fazer: ficar com Lula preso sem poder recorrer?" perguntou a senadora.

O ex-Presidente brasileiro é acusado de receber um apartamento de luxo da construtora OAS em troca de favorecer os contratos da empresa com a estatal brasileira Petrobras, num processo da Operação Lava Jato.

Lula da Silva diz-se inocente e afirma que os processos judiciais que correm contra si visam impedir que concorra de novo à Presidência, nas eleições de outubro próximo.
Entrega sucessivamente adiada
Os advogados do ex-presidente recorreram para o Supremo Tribunal Federal para tentar suspender a ordem de prisão e estão também a tentar negociar que Lula fique em São Paulo e não em Curitiba.

Depois de deixar passar o primeiro prazo para se entregar, imposto pelo juiz Sérgio Moro, sexta-feira, os advogados de Lula da Silva negociaram a entrega para esta manhã de sábado, depois de uma missa por alma da mulher do ex-Presidente, falecida o ano passado.

Depois da celebração, Lula acabou por falar quase uma hora à multidão. Voltou a dizer-se inocente e acabou por anunciar que ia mesmo obedecer ao mandado de detenção.

Levado em ombros pela multidão que o aguardava em baixo, Lula da Silva seguiu depois para o que se disse ser o seu último almoço em liberdade, com a família.

Na hora da saída para se entregar, já ao fim da tarde, foi impedido, para grande júbilo dos apoiantes.
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