Após vitória de Biden. Partido Democrata regista maior aumento de adeptos em uma década

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Atualmente, apenas 25 por cento dos norte-americanos se identificam firmemente como apoiantes do Partido Republicano Erin Scott - Reuters

Segundo uma sondagem da empresa norte-americana Gallup, realizada no primeiro trimestre deste ano, cerca de 49 por cento dos norte-americanos adultos identificaram-se como democratas ou simpatizantes democratas e 40 por cento como eleitores com inclinação republicana. A vantagem de nove por cento dos democratas é a maior registada em uma década. Para além desta derrota, os republicanos estão também a enfrentar a maior perda de filiados desde 2018.

Uma sondagem conduzida pela Gallup entre janeiro e março deste ano demonstrou que 49 por cento dos inquiridos (norte-americanos com mais de 18 anos) se consideram democratas ou responderam ser independentes com tendência democrata. Por sua vez, 40 por cento responderam ser filiados do Partido Republicano ou simpatizantes republicanos.

A diferença de nove por cento é a maior registada pela Gallup desde 2012, ano em que o antigo presidente Barack Obama foi reeleito.
Segundo a empresa analítica norte-americana, os democratas costumam ter uma vantagem de quatro a seis pontos percentuais sobre os republicanos.

A vantagem dos democratas de nove pontos percentuais foi registada nos primeiros três meses do mandato de Joe Biden, após a saída de Donald Trump. A Gallup sublinha ainda que neste primeiro trimestre, os EUA registaram um declínio constante nas infeções e óbitos por Covid-19, assistiram a um aumento exponencial da vacinação e à aprovação de um pacote de estímulos no valor de 1,9 biliões de dólares – fatores que potencialmente contribuíram para o aumento dos simpatizantes democratas.

No entanto, a empresa sublinha que esta subida de simpatizantes por parte do Partido Democrata após a vitória de um dos seus candidatos nas presidenciais não é sem precedentes. Após a eleição do presidente Bill Clinton, em 1992, e de Barack Obama, em 2008, a vantagem do Partido Democrata sobre o republicano chegou mesmo aos dois dígitos.

Agora, o aumento de partidários democratas após a tomada de posse de Biden é um reflexo do que sucedeu no início de 2009, quando George W. Bush cedeu o seu lugar na Casa Branca a Barack Obama. “Esse foi, de facto, o ponto alto a que assistimos”, disse Jeff Jones, editor executivo da Gallup que também participou no presente relatório, ao USA Today. “Os nossos dados sobre este assunto remontam apenas aos anos 90, mas esta foi praticamente a única vez que tivemos, de forma consistente, um partido com a maioria dos americanos do seu lado”, explicou.
Partido Republicano em queda
Os dados da sondagem revelam ainda um aumento de seis por cento entre os eleitores que se identificam como independentes (44 por cento no primeiro trimestre deste ano, em comparação com 38 por cento no quarto trimestre de 2020). Esta é a maior percentagem registada desde 2013, quanto 46 por cento dos inquiridos se identificaram como independentes.

No seu relatório, a Gallup explica que este aumento de independentes é normal num ano em que não existem eleições, mas também se deve, em parte, à redução dos filiados republicanos. A maior parte dos norte-americanos que agora se identificam como independentes eram simpatizantes do Partido Republicano.

No final do mandato de Donald Trump, 29 por cento dos norte-americanos identificavam-se como republicanos. Atualmente, apenas 25 por cento dos norte-americanos se identificam firmemente como apoiantes do partido conhecido como GOP (“Grand Old Party”) – uma percentagem que não era tão baixa desde 2018 e que está apenas a três pontos percentuais de distância dos piores resultados dos republicanos, registados no quarto trimestre de 2013.

Esta quebra de popularidade por parte do GOP deve-se, em grande parte, ao ataque ao Capitólio ocorrido a 6 de janeiro por parte de apoiantes de Donald Trump, que vitimou cinco pessoas. No final do mandato do ex-presidente, o Partido Republicano assistiu a uma saída em massa de membros republicanos.

Trump, que defendeu incessantemente a tese infundada de fraude eleitoral e que foi acusado de ter incitado à violência que motivou o assalto ao Congresso (o que deu origem ao seu segundo processo de impeachment), foi descrito por republicanos dissidentes que fizeram parte da Administração de George W. Bush como um “cancro” para o partido. Um congressista republicano considera que Trump atirou o seu partido para uma crise de identidade e não duvida que se o seu partido não conseguir libertar-se do vórtice Donald Trump, irá tornar-se para sempre “um partido minoritário”.

Os republicanos conseguiram recuperar os seus défices de popularidade de 2013 e esperam repetir esse feito em 2022, ano em que se realizam as eleições intercalares. Para isso, tudo pode depender no nível de popularidade do presidente em exercício e na capacidade de os republicanos conseguirem atrair os eleitores independentes.

“Muito vai depender em como as coisas vão decorrer ao longo do ano. Se tudo melhorar em relação ao coronavírus e a economia recuperar, e muitas pessoas esperam que Biden consiga manter os índices de popularidade relativamente altos, então isso será favorável para os democratas”, explica Jones ao USA Today. “Mas se as coisas começarem a piorar – o desemprego aumenta ou a pandemia piora – então a aprovação [de Biden] vai diminuir. Isso vai tornar as coisas muito mais favoráveis para o Partido Republicano para as eleições intercalares do próximo ano”, acrescenta.

As eleições intercalares realizam-se a meio do mandato de Biden, em 2022, e geralmente são prejudiciais para o partido do presidente em funções.
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