Assalto ao Capitólio. Líder de grupo extremista condenado a 18 anos de prisão

por RTP
Stewart Rhodes prometeu "expor a criminalidade do regime" a partir da sua cela. Jim Urquhart - Reuters

Um juiz federal norte-americano condenou esta quinta-feira o fundador do grupo de extrema-direita Oath Keepers, Stewart Rhodes, a 18 anos de prisão. Este apoiante do ex-presidente Donald Trump é acusado de conspiração e de outros crimes relacionados com o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, a 6 de janeiro de 2021.

Antes do anúncio da sentença, Stewart Rhodes apresentou-se diante do juiz Amit Mehta e insistiu que é um "prisioneiro político" que, tal como Trump, estava a tentar opor-se às pessoas "que estão a destruir o nosso país".

“Acredito que este país está incrivelmente dividido. E essa acusação - não apenas contra mim, mas contra todos os participantes no episódio de 6 de janeiro - está a tornar tudo ainda pior. Considero cada acusado um preso político e todos eles estão a ser injustiçados", disse.

Rhodes prometeu ainda “expor a criminalidade deste regime” a partir da sua cela.

Em resposta ao líder dos Oath Keepers, o juiz distrital Amit Mehta disse ser “evidente que, durante décadas, o senhor Rhodes quis que a democracia deste país se transformasse em violência”.

"O senhor Rhodes não é um prisioneiro político", mas sim uma "ameaça contínua" ao país, acrescentou. "No momento em que for solto, quando for, sei que voltará a estar pronto para pegar em armas contra o seu Governo".Os procuradores tentaram alcançar uma pena de prisão de 25 anos para Rhodes.

A pena de prisão de Rhodes, ex-paraquedista do Exército que mais tarde se tornou advogado, representa a sentença mais longa entre as mais de 1.000 pessoas acusadas no âmbito do ataque ao Capitólio.

Na altura, milhares de apoiantes do então presidente republicano Donald Trump invadiram o edifício numa tentativa de impedir o Congresso de oficializar a vitória eleitoral do rival democrata Joe Biden.

Até agora, a sentença mais longa foi de 14 anos de prisão, atribuída a um homem da Pensilvânia que atacou agentes da polícia durante o motim.

"O senhor Rhodes liderou uma conspiração para usar força e violência, intimidando e coagindo membros do Governo a interromper a transição legal de poder após as eleições presidenciais", afirmou esta quinta-feira a procuradora federal Kathryn Rakoczy. "Como o tribunal acaba de concluir, isso é terrorismo".
“Conduta terrorista”
Além de conspiração sediciosa - acusação criminal que implica uma tentativa de "derrubar ou destruir pela força o Governo dos Estados Unidos" - Rhodes foi também condenado por obstrução de investigação e adulteração de documentos. O líder dos Oath Keepers foi, ainda assim, absolvido de duas outras acusações.

Os procuradores pediram 25 anos de cadeia para Rhodes, que dizem ser o arquiteto de uma conspiração para interromper à força a transferência do poder presidencial, que incluía equipas de "força de reação rápida" para transportar armas para a capital, se necessário, naquela que consideram uma “conduta terrorista”.

O juiz Amit Mehta anuiu que o aumento de sentença proposto poderia ser aplicado, já que as provas mostram que Rhodes "estava no topo da cadeia" e era culpado pelas ações de todo o grupo.

Rhodes fundou o grupo Oath Keepers em 2009. É composto por militares, polícias e socorristas que apareceram, muitas vezes armados, em protestos e eventos políticos, incluindo manifestações contra a injustiça racial após o assassinato do afrodescendente George Floyd em Minneapolis, em 2020, às mãos de agentes da polícia.

Um advogado de Rhodes - que já anunciou que irá recorrer da sentença - disse que os procuradores estão a tentar, injustamente, fazer deste homem o rosto dos acontecimentos no Capitólio a 6 de janeiro de 2021, quando uma manifestação se transformou numa invasão em que morreram cinco pessoas, incluindo um polícia.

Dois outros membros do grupo Oath Keepers - absolvidos da acusação de sedição, mas condenados por outros crimes - vão ouvir as suas penas na sexta-feira. Quatro outros membros, considerados culpados de conspiração sediciosa num segundo julgamento em janeiro, devem ser sentenciados na próxima semana.

c/ agências
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