Ativista procurada por Hong Kong diz que pais foram interrogados e intimidados

por Lusa
Evelyn Hockstein - Reuters

Anna Kwok Fung-yee, uma ativista pró-democracia de Hong Kong, procurada pelas autoridades locais, afirmou hoje que os pais foram "interrogados, assediados e intimidados" pela polícia.

Os familiares de pelo menos quatro outros ativistas, de um grupo de oito pessoas pelas quais foi oferecida uma recompensa por informações que levem à sua detenção, também foram levados à polícia para interrogatório nas últimas semanas, nomeadamente, o antigo deputado Nathan Law, o sindicalista Mung Siu-tat, o advogado Dennis Kwok e outro elemento envolvido nos protestos de 2019, Elmer Yuen.

Os oito ativistas fugiram depois de Pequim ter introduzido uma lei de segurança nacional em Hong Kong em 2020 para reprimir a dissidência após os protestos pró-democracia.

São acusados de subversão e conluio com forças estrangeiras ao abrigo da Lei de Segurança Nacional, arriscando uma pena de prisão perpétua.

Em julho, a região chinesa prometeu uma recompensa de um milhão de dólares de Hong Kong (117.000 euros) por informações que levassem à detenção de oito personalidades pró-democracia que tinham fugido para o estrangeiro.

A polícia confirmou à agência de notícias France-Presse (AFP) que o seu departamento de segurança nacional tinha "levado um homem e uma mulher para investigação" em relação a uma violação da Lei de Segurança Nacional. A polícia não revelou as identidades.

Kwok, diretora executiva do Conselho para a Democracia de Hong Kong (HKDC), uma organização que procura mediatizar a causa da democracia em Hong Kong junto de políticos, meios de comunicação social e a opinião pública norte-americana em nome dos defensores dos direitos do território, pediu hoje desculpa aos pais.

"Ontem [terça-feira], os meus pais foram questionados, assediados e intimidados. Embora peça desculpa, devo dizer que este é um preço que estava à espera de pagar", afirmou, nos Estados Unidos, onde vive.

Kwok acrescentou que pretende continuar a resistir ao autoritarismo e apelou aos cidadãos de Hong Kong para que enfrentem os receios ligados ao clima político.

"Decidi ultrapassar o meu medo e continuar a tomar a iniciativa na minha vida", declarou.

De acordo com os meios de comunicação social locais, os pais de Kwok foram autorizados a abandonar a esquadra da polícia após o interrogatório na terça-feira.

As recompensas oferecidas pela polícia de Hong Kong provocaram protestos nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Austrália, onde vivem as oito pessoas em causa.

Em entrevista à AFP em julho, Kwok disse que tinha pressionado a administração norte-americana para impedir o chefe do Governo de Hong Kong, John Lee, de participar na próxima cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, em São Francisco.

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