Austrália pressionada a libertar crianças detidas em Nauru

por RTP
A detenção das crianças está a provocar danos físicos e psicológicos David Gray - Reuters

Uma coligação de mais de 30 organizações humanitárias deu três meses ao Governo australiano para libertar as 119 crianças que mantém num campo de detenção em Nauru, na Oceânia.

Esta segunda-feira, um grupo de organizações humanitárias exigiu que o Governo australiano libertasse as crianças, no máximo, até 20 de novembro, altura em que se comemora o Dia Universal dos Direitos das Crianças.

As 119 crianças encontram-se num campo de detenção em Nauru, uma ilha na Oceânia, juntamente com os seus pais. Chegaram de barco à Austrália e pediram asilo no país, no entanto, foram transferidos para a pequena ilha devido à política de imigração australiana - esta proíbe os requerentes de asilo que cheguem de barco a instalarem-se no continente.

O Governo da Austrália insiste que as crianças já não se encontram em detenção, mas tanto elas como os pais não têm permissão para abandonar a ilha, segundo explica a CNN.

Roze - nome fictício - uma das crianças no Centro de Detenção

Claire Rogers, presidente da World Vision – uma das organizações que está a pressionar o Governo – explica num comunicado que a detenção destas crianças está a provocar danos físicos e psicológicos.

“Está claro que a detenção indefinida está a causar, diariamente, danos reais e sérios nestas crianças. Muitas delas viveram em tendas durante anos, foram separadas de familiares próximos e não têm um sítio seguro onde brincar ou acesso a cuidados de saúde aceitáveis”, explicou.
Crianças já tentaram suicidar-se
Em 2016, um relatório das Nações Unidas dava conta que crianças até aos 11 anos já tinham tentado suicidar-se ou experimentado formas de automutilação.

No caso mais recente, um rapaz de 12 anos está há 19 dias em greve de fome. O menino iraniano está na ilha desde os oito anos. Segundo o The Guardian, a criança pesa 36 quilos e não consegue estar de pé. Os médicos de Nauru afirmam que corre risco de vida caso não seja transferido para a Austrália, onde têm mais recursos para cuidar da criança.

A Força Fronteiriça Australiana autorizou a transferência da criança para a Austrália no domingo. No entanto, recuaram no pedido quando foi solicitado que a criança fosse acompanhada pelo padrasto. Quando soube que não podia ir acompanhado, o menino recusou ser transportado.
600 euros por cada requerente de asilo
O Governo australiano continua a defender que as políticas de proteção de fronteiras são necessárias para evitar a morte de migrantes no mar, vítimas do transporte precário por parte de traficantes. Porém, há quem defenda que a Austrália não deveria ser tão extremista na sua posição.

[Também não queremos que o número de mortes no mar aumente], “mas não existe justificação para prender crianças e criar este resultado, essa não é a solução”, defendeu Claire Rogers.

De acordo com a UNICEF, o Governo de Nauru cobra à Austrália uma taxa mensal de três mil dólares australianos (quase dois mil euros) por refugiado e mil dólares australianos (cerca de 600 euros) por cada requerente de asilo. 
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