Aviso ao Congresso. Casa Branca "sem dinheiro" para continuar a ajudar tropas da Ucrânia

por Cristina Sambado - RTP
O presidente ucraniano esteve na Casa Branca em dezembro de 2022 Reuters

A Casa Branca revelou que está "sem dinheiro e quase sem tempo" para fornecer mais armas à Ucrânia, que tenta travar a invasão russa, a não ser que o Congresso aprove financiamentos e apoios adicionais. A Administração norte-americana já gastou 111 mil milhões de dólares em ajuda militar a Kiev.

A advertência, feita na segunda-feira numa carta dirigida aos líderes do Congresso, expôs a forma como o Governo Federal já gastou a verba de 111 mil milhões de dólares destinada à ajuda militar à Ucrânia.

Quero ser clara: sem uma ação do congresso, até ao final do ano ficaremos sem recursos para adquirir mais armas para a Ucrânia e para fornecer equipamentos para repor os stocks militares dos EUA”, escreveu Shalanda Young, diretora do departamento de gestão e orçamento da Casa Branca, na missiva revelada pelo jornal The Hill e citada pelo britânico The Guardian.

O último pedido de dinheiro surge depois de, em outubro, a Casa Branca ter solicitado ao Congresso um financiamento suplementar de 100 mil milhões de dólares, argumentando que “promove a nossa segurança nacional e apoia os nossos aliados e parceiros”. O pedido identificava a segurança das fronteiras, os aliados no Indo-Pacífico, Israel e a Ucrânia. Cerca de 61 mil milhões de dólares destinam-se a Kiev, incluindo 30 mil milhões de dólares para reabastecer o equipamento do departamento de defesa enviado para apoiar o país após a invasão da Rússia em fevereiro de 2022.

Na carta dirigida aos líderes da Câmara e do Senado, Shalanda Young afirmou que a não disponibilização de mais fundos "iria prejudicar a Ucrânia no campo de batalha, não só pondo em risco os ganhos obtidos, mas também aumentando a probabilidade de vitórias militares russas".

A diretora do departamento de gestão e orçamento da Casa Branca acrescenta que “não existe um pote mágico de financiamento disponível para fazer face a este momento. Estamos sem dinheiro - e quase sem tempo"
O Pentágono revelou que já tinha usado 97 por cento dos 62,3 mil milhões de dólares que recebeu em meados de novembro. E o Departamento de Estado tinha esgotado todos os 4,7 mil milhões de dólares de assistência militar que recebeu, incluindo verbas para a assistência humanitária, assistência económica e de segurança civil.
"Estamos sem dinheiro para apoiar a Ucrânia nesta luta. Não se trata de um problema para o próximo ano", acrescentou Shalanda Young. "Chegou o momento de ajudar uma Ucrânia democrática a lutar contra a agressão russa. É altura de o Congresso agir".

O republicano Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes, tinha avançado na passada semana que estava convicto de que o financiamento da Ucrânia e de Israel seria aprovado. Mas frisou que os dois devem ser tratados separadamente, com o financiamento da Ucrânia ligado a mudanças na política de fronteiras dos EUA - uma linha vermelha para muitos democratas.

"É claro que não podemos permitir que Vladimir Putin avance pela Europa. E compreendemos a necessidade de prestar assistência nessa região", afirmou Johnson. "Se houver assistência adicional à Ucrânia - que a maioria dos membros do Congresso considera importante - temos também de trabalhar na alteração da nossa própria política de fronteiras".

A Estratégia Industrial de Defesa Nacional, que deverá ser divulgada nas próximas semanas pelo Pentágono, alertou para o facto de a base industrial de defesa dos EUA "não possuir a capacidade, a capacidade de resposta ou a resiliência necessária para satisfazer toda a gama de necessidades de produção militar em velocidade e escala".

Um relatório do Pentágono sobre a indústria da defesa salienta que os EUA fabricam as melhores armas do mundo, mas não conseguem produzi-las com a rapidez necessária.

"Este desfasamento representa um risco estratégico crescente à medida que os Estados Unidos se confrontam com os imperativos de apoiar operações de combate ativas", acrescenta o documento.
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