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Aviso dos EUA. Síria pode estar a semanas de "guerra civil em grande escala"

por Andreia Martins - RTP
Foto: Jonathan Ernst - Reuters

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, alertou esta terça-feira que a Síria pode estar a semanas de uma "guerra civil em grande escala". As declarações surgem uma semana após o encontro de Donald Trump com o presidente sírio e o levantamento de sanções norte-americanas. Hoje mesmo, a União Europeia também anunciou o levantamento de sanções económicas contra Damasco.

"A nossa avaliação é que, francamente, a autoridade de transição, dados os desafios que está a enfrentar, está talvez a semanas, não muitos meses, de um possível colapso e de uma guerra civil em grande escala e de proporções épicas, basicamente com a divisão do país", afirmou Rubio perante a Comissão de Política Externa do Senado.

O secretário de Estado norte-americano defendeu, ainda assim, a decisão do presidente norte-americano em suspender as sanções à Síria e de procurar o diálogo com o Governo de Damasco. Na última semana, por ocasião de um périplo pelo Médio Oriente, Donald Trump reuniu-se com um presidente da Síria pela primeira vez em 25 anos.

Antes de se encontrar com Ahmed al-Sharaa nos Emirados Árabes Unidos, o líder norte-americano anunciou o levantamento de todas as sanções contra o Governo sírio.

Marco Rubio considerou que o Governo de transição está a enfrentar “profunda desconfiança interna” porque “Assad colocou deliberadamente” uns grupos “contra os outros. Argumenta, por isso, que os Estados Unidos devem ajudar a encontrar uma solução.

"Se os envolvermos, pode funcionar, pode não funcionar. Se não os envolvermos, o fracasso é garantido"
, afirmou o secretário de Estado norte-americano.

Desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, que ocorreram na Síria vários ataques contra as minorias alauitas e drusas na Síria.
“Limpeza étnica”, denuncia Moscovo
Também esta sexta-feira, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros disse estar profundamente preocupado com a situação na Síria.

“Os grupos militantes radicais estão a fazer uma verdadeira limpeza étnica, com assassinatos em massa de pessoas com base na sua nacionalidade e religião", afirmou Sergei Lavrov de acordo com a transcrição no site do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros citada pela agência Reuters.

De acordo com várias fontes sírias e canais russos nas redes sociais, uma das duas bases militares que Moscovo manteve na Síria foram atacadas esta terça-feira, em concreto a base de Hmeimim, que segundo fontes sírias acolhe refugiados alauitas desde março.

A Rússia era uma das principais potências apoiantes do Governo de Bashar al-Assad e ofereceu asilo ao ex-presidente sírio aquando do derrube do regime.
Ainda assim, o Kremlin procurou estabelecer laços com as novas autoridades sírias e tem mantido o controlo da base aérea de Hmeimim e a base naval de Tartus.
UE também suspende sanções
Apesar do contexto, a União Europeia anunciou esta terça-feira que irá seguir os Estados Unidos na decisão de levantamento das sanções. A decisão foi anunciada pela alta representante da UE para a Política Externa, Kaja Kallas.

De acordo com a agência France Presse, deverão ser levantadas as sanções que isolavam os bancos sírios do sistema internacional e congelavam os ativos do banco central.

Esta medida segue-se à decisão, anunciada em fevereiro pela União Europeia, no sentido de suspender algumas sanções contra os principais setores económicos do país.

No entanto, os diplomatas ouvidos pela AFP revelam que o bloco europeu equaciona impor novas sanções individuais a todos os responsáveis que fomentem tensões étnicas no país.

Há ainda outras sanções que se deverão manter em vigor desde a guerra civil Síria e que não serão para já levantadas, nomeadamente quanto à venda de armas e equipamento militar.

Ainda antes do esperado anúncio por parte das autoridades europeias, o ministro sírio dos Negócios Estrangeiros, Asaad al-Shaibani, afirmou esta terça-feira que o levantamento de sanções “expressa a vontade regional e internacional” de apoio ao país.

“O povo sírio tem hoje uma oportunidade muito importante e histórica para reconstruir o seu país”, afirmou numa conferência de imprensa em Damasco, destacando os benefícios do levantamento de sanções.

“Para quem quer investir na Síria, as portas estão abertas. Para quem quiser cooperar com a Síria, não há sanções”, acrescentou o MNE sírio.
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