Bandeira da Palestina vai ser hasteada na sede da ONU em Nova Iorque

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução que autoriza os palestinianos a içar a sua bandeira na sede da ONU em Nova Iorque e noutros escritórios da ONU. A decisão foi aprovada por 119 vozes a favor, oito contra e 45 abstenções.

Graça Andrade Ramos - RTP /
A bandeira da Palestina será içada na sede da ONU em Nova Iorque dentro de 20 dias Wikicommons

Estados Unidos, Israel, Austrália e Canadá votaram contra. A embaixadora norte-americana Samantha Powers referiu que "içar a bandeira palestiniana não substitui as negociaçoes (com Israel) e não vai levar a uma aproximação das duas partes na Paz."

"Nenhum voto pode transformar um gesto simbólico vazio de sentido num Estado", lançou por seu lado o embaixador israelita Ron Prosor.

Os europeus acabaram por votar cada um por si, após serem incapazes de tomar uma decisão conjunta.

A França votou a favor, assim como a Suécia. A Alemanha absteve-se tal como a Áustria, a Finlândia, a Holanda, o Chipre e Portugal.

Para os palestinianos esta é uma "vitória simbólica" e "um passo que leva a Palestina ao estatuto de membro de pleno direito das Nações Unidas", conforme referiu esta tarde em Paris o primeiro-ministro palestiniano Rami Hamdallah.

A resolução vai "reforçar as fundações do estado Palestiniano" e oferecer ais palestinianos uma "luz de esperança" no momento em que as conversações de Paz com Israel estão num impasse absoluto, acrescentou Hamdallah.

A aprovação da resolução, que pedia que as bandeiras dos Estados não membros da ONU com estatuto de observador fossem "içadas na sede e nos escritórios das Nações Unidas ao lado das dos países membros", em Genebra ou Viena, era já esperada. Só os palestinianos e o Vaticano têm este estatuto.

O Estado da Palestina integra já as agências da ONU e pertence ao Tribunal Penal Internacional de Haia, sendo reconhecido por mais de 130 países. Obteve o estatuto de "Estado observador não membro" em 29 de novembro de 2012, obtido por 138 votos a favor, nove contra e 41 abstenções, numa votação histórica.

A resolução dá 20 dias à ONU para se preparar para cumprir a decisão, fazendo coincidir o hastear da bandeira palestiniana com a visita a Nova iorque do presidente palestiniano Mahmmoud Abbas. Este deverá participar na sessão anual da Assembleia geral, onde discursa no dia 30 de setembro, e numa cimeira sobre o desenvolvimento sustentável.

A bandeira do Vaticano será igualmente hasteada durante a visita do Papa Francisco a Nova Iorque, onde o Santo Padre deverá discursar perante a Assembleia Geral dia 25 de setembro.

O Vaticano, que reconheceu já o Estado da Palestina, demarcou-se da iniciativa que originou a resolução agora aprovada, mas não se lhe opôs.

A bandeira do Vaticano não deverá ser içada antes da visita do Papa, referiu o representante do Vaticano na ONU, Monsenhor Bernardito C. Auza, embora tal possa suceder depois.
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