Bashar Al-Assad na China para "levar os laços bilaterais a um novo nível"

por Carla Quirino - RTP
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, e sua esposa Asma são recebidos à chegada ao aeroporto de Hangzhou, China. Gabinete de imprensa da Presidência síria

Na primeira visita à China em quase 20 anos o presidente sírio Bashar Al-Assad irá encontrar-se como o seu homólogo Xi Jinping. É um sinal de que Pequim pretende expandir, ainda mais, a sua influência no Oriente Médio. Por sua vez, Assad tenta sair do isolamento político e procura mais apoio financeiro de Pequim para a reconstrução do país após a guerra civil.

O Presidente sírio, Bashar al-Assad chegou esta quinta-feira à China a convite de Xi Jinping e Pequim já veio dizer que a visita de Assad levará os laços China-Síria a “novo nível”.

Na comitiva de Damasco está também o ministro da Economia e Comércio da Síria, Mohammad Samer al-Khalil, relatou a agência de notícias estatal SANA.

A iniciativa da China ocorre num momento em que o Médio Oriente se tornou menos prioritário para os EUA, permitindo a Pequim estender mais influência no Golfo Pérsico, a maior fonte mundial de petróleo.

Durante a visita Assad irá reunir-se com Xi. Em cima da mesa deverão estar temas como o apoio financeiro de Pequim para a reconstrução da Síria e por sua vez a intensificação diplomática da China no Médio Oriente.

"O presidente Xi Jinping e outras autoridades chinesas vão reunir-se com o presidente da Síria para discussões aprofundadas sobre as relações bilaterais e questões de interesse comum", disse a porta-voz do Ministério dos Assuntos Estrangeiros, Mao Ning, durante uma conferência de imprensa.

À chegada da comitiva de Damasco, Ning sublinhou: “Acreditamos que a visita do Presidente Bashar al-Assad fortalecerá a confiança política mútua e a cooperação em vários sectores entre os dois países, levando os laços bilaterais a um novo nível”.

“Desde o estabelecimento das relações diplomáticas, há 67 anos, as relações sino-sírias têm desfrutado de um desenvolvimento saudável e estável”, observou Ning.

Acrescentou que o líder sírio “também atribui grande importância ao desenvolvimento das relações China-Síria”.
Aliados de Assad

O isolamento do Governo sírio resultante da repressão de Assad aos opositores após as revoltas da Primavera Árabe de 2011 parece estar agora a diminuir.

A China, assim como a Rússia, é aliada do Presidente Assad. Conferiu-lhe apoio, nomeadamente, no Conselho de Segurança da ONU, abstendo-se regularmente na votação de resoluções que sancionavam o Governo sírio, levando os EUA e a União Europeia a imporem restrições unilaterais contra o presidente sírio, o seu governo e apoiantes.

A ajuda da Rússia, do Irão e dos seus aliados no Líbano permitiram Assad a sobreviver à guerra civil que se seguiu no país por quase a última década, ajudando-o a recuperar o controlo de grande parte do país.

A guerra civil na Síria levou à destruição massiva de infra-estruturas e destruiu vários sectores cruciais da economia, incluindo o petróleo. O conflito matou meio milhão de pessoas.

O governo sírio continua sujeito a pesadas sanções internacionais.

A China poderá desempenhar um papel relevante na reconstrução da Síria que envolverá milhões de dólares. Na calha está a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um projeto de infraestruturas lançado por Pequim que visa expandir a sua influência através da construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas. Damasco aderiu a este programa de desenvolvimento, no ano passado.

O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês deu conta de que Assad vai participar na cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos, um evento desportivo internacional, que arranca no sábado, na cidade de Hangzhou, no leste da China.

Xi realizará um banquete de boas-vindas e conduzirá “atividades bilaterais” na sexta e no sábado, acrescentou o ministério.

Assad visitou a China pela última vez em 2004, cerca de quatro anos depois de se tornar presidente, quando conheceu o ex-líder chinês Hu Jintao. Foi a primeira vez que um chefe de Estado sírio foi à China desde que os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 1956.

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