Beirute. Grupos de resgate procuram possível sobrevivente entre destroços

Ainda há esperança de que possa ser encontrada vida entre os destroços causados pela enorme explosão que há 30 dias abalou Beirute, destruindo parte da cidade. As equipas de resgate estão esta sexta-feira a realizar buscas depois de terem detetado movimentos entre os restos de um edifício desmoronado.

RTP /
A explosão no porto da capital libanesa, há um mês, fez 191 mortos e deixou feridas mais de seis mil pessoas. Aziz Taher - Reuters

Foi um cão de uma equipa de resgate chilena que detetou, na quinta-feira, algo entre os destroços de um edifício que tinham já sido revistados. A equipa utilizou então equipamento de áudio para procurar um batimento cardíaco e ouviu o que poderá ser uma pulsação de 18 a 19 batimentos por minuto.

Um dos voluntários chilenos explicou que o equipamento em questão deteta ritmos cardíacos humanos e não de animais, acrescentando que, apesar de raro, não seria a primeira vez que alguém conseguiria sobreviver entre destroços durante um mês.

“Noventa e nove por cento das vezes acabamos por não encontrar nada, mas mesmo que haja menos de um por cento de esperança, devemos continuar a procurar”, disse ao Guardian Youssef Malah, trabalhador da Proteção Civil libanesa.

As equipas de resgate decidiram, assim, começar a escavar entre os destroços durante a última noite, continuando esta sexta-feira a busca por um possível sobrevivente. Esta manhã, outro equipamento detetou calor corporal de dois possíveis corpos – um mais pequeno junto a um maior -, segundo a organização não-governamental Live Love Beirut.

A essa hora, o grupo de resgate tinha ainda por remover perto de dois metros de destroços até alcançar a localização onde foi detetado o calor corporal. Por várias vezes, a equipa teve de pedir às cerca de 200 pessoas que se encontram no local a assistir aos trabalhos que fizessem silêncio absoluto para conseguirem ouvir algum som que indiciasse vida. O facto de a temperatura no Líbano nas últimas semanas estar muito elevada e os altos níveis de humidade tornam pouco provável que um sobrevivente possa ser encontrado.

A explosão no porto da capital libanesa, há um mês, fez 191 mortos e deixou feridas mais de seis mil pessoas. Milhares ficaram também desalojados. O incidente foi causado pelo armazenamento, durante seis anos e sem condições de segurança, de quase três mil toneladas de nitrato de amónio num armazém do porto.

Especialistas franceses e o FBI estão, a pedido das autoridades libanesas, a colaborar na investigação à explosão, não tendo ainda sido tornadas públicas conclusões da mesma. Até agora, foram detidas 25 pessoas possivelmente relacionadas com o incidente, a maioria funcionários do porto e da alfândega.

Na quinta-feira, as forças militares libanesas encontraram mais quatro toneladas deste químico perto do porto, segundo a agência Associated Press. Não foram ainda divulgados detalhes sobre a origem ou proprietário dessas quatro toneladas.
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