Bernie Sanders vence primárias democratas no New Hampshire

por Andreia Martins - RTP
Mike Segar - Reuters

O senador norte-americano de 78 anos foi o vencedor das primárias do Partido Democrático em New Hampshire. Na segunda votação para a escolha de um nomeado, Bernie Sanders alcançou esta terça-feira 25,7 por cento, seguido de perto por Pete Buttigieg, com 24,4 por cento. "A nossa vitória esta noite é o princípio do fim para Donald Trump", disse Sanders.

Com 87 por cento dos votos apurados, o senador Bernie Sanders foi o mais votado esta terça-feira, seguido de perto por Pete Buttigieg, antigo mayor da cidade de South Bend, Indiana. 

O senador norte-americano agradeceu ao New Hampshire pela “grande vitória” alcançada, vitória que diz ser “o início do fim para Donald Trump”.


Na semana passada, no Iowa, Pette Buttigieg recebeu o maior número de delegados - mais um que Sanders - e por isso é nesta altura quem segue à frente nas eleições. Em New Hampshire, os dois candidatos devem alcançar o mesmo número de delegados (9) que são atribuídos por aquele Estado.

Pete Buttigieg, veterano de guerra com 38 anos, felicitou o adversário pela vitória alcançada em New Hampshire, mas enfatizou também o resultado obtido pela sua candidatura: "Muitos de vocês disseram que querem enfrentar uma nova era de desafios com uma nova geração na liderança", apontou.

Neste processo das eleições primárias, os candidatos tentam reunir o maior número de delegados - quase 4.000 delegados - que lhes garantam o apoio na Convenção Democrata, em julho. Esses delegados marcam presença na reunião do partido e declaram o seu apoio consoante a decisão dos eleitores do Estado que representam.

Na votação de terça-feira, Pette Buttigieg dividiu grande parte dos votos moderados com a senadora Amy Klobuchar, que obteve 19,8 por cento dos votos após uma boa prestação no debate democrata de sexta-feira. Os grandes derrotados da noite foram a senadora Elizabeth Warren e o ex-vice-presidente Joe Biden, candidatos que lideraram nas sondagens a nível nacional, mas que não chegaram aos dez por cento e não vão eleger qualquer delegado por New Hampshire.

A desolação na campanha do ex-vice-Presidente foi tal que Joe Biden optou por não discursar em New Hampshire na terça-feira à noite e viajou mais cedo para a Carolina do Sul para começar a campanha naquele Estado.

A vitória de Sanders coloca-o na frente como o candidato da esquerda do Partido Democrático, apenas quatro meses depois de um ataque cardíaco que quase o deixou de fora da corrida. Mas tão significativa quanto a vitória de Bernie Sanders, registo para a ascensão repentina de Amy Klobuchar, o sucesso continuado de Pete Buttigieg e o colapso das campanhas de Joe Biden e Elizabeth Warren, resume o New York Times.

Ainda assim. nos dois primeiros Estados que votaram nas eleições primárias, Bernie Sanders obteve menos de 30 por cento, longe dos resultados obtidos em 2016 contra Hillary Clinton. Entre os moderados, a divisão e a incerteza continua a imperar, com Pette Buttigieg e colocar-se na frente, seguido de Amy Klobuchar.

Entretanto, os candidatos Andrew Yang e Michael Bennet desistiram das respetivas candidaturas. Dois antigos favoritos à nomeação democrata, Warren e Biden, já foram forçados a reduzir os custos com a campanha devido aos maus resultados iniciais de forma a conseguirem manter-se na corrida.

No entanto, os analistas sublinham que os dois primeiros escrutínios - no Iowa e New Hampshire - são muito homogéneos e não apresentam a mesma diversidade populacional que seja representativa do país. Por exemplo, a Carolina do Sul, que só vota a 29 de fevereiro, tem uma grande comunidade afro-americana e o voto neste Estado poderá ser decisivo para apurar a viabilidade da campanha de Joe Biden.

A aparente confusão e indecisão poderá beneficiar o antigo mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, que não entra nas contas das primeiras votações. O milionário tem investido na máquina de campanha e só irá competir com os restantes na Super Tuesday (Super Terça-Feira), que se realiza em março.

Assim, o processo de nomeação ameaça ser prolongado e moroso, podendo estender-se até à primavera. A próxima votação acontece no dia 22 de fevereiro, no Nevada, seguida da eleição primária na Carolina do Sul, a 29 de fevereiro.

O dia 3 de março será decisivo nas contas do Partido Democrático. Só neste dia ficam atribuídos mais de 1.300 delegados de 14 diferentes Estados, ou seja, 40 por cento do total de delegados. De destacar que a Califórnia e o Texas, os dois maiores Estados e com maior peso no Colégio Eleitoral, votam neste dia.

A Convenção Nacional do Partido Democrático acontece entre 13 e 16 de julho em Milwaukee, no Wisconsin, onde o nomeado democrata será aclamado, meses antes das eleições presidenciais, que se realizam a 3 de fevereiro.

Ainda que todas as atenções estejam voltadas para o Partido Democrático, o Partido Republicano, que também está a conduzir eleições primárias, teve uma pequena surpresa em New Hampshire na noite de terça-feira. Ainda que tenha a nomeação mais que garantida, o Presidente norte-americano, Donald Trump, obteve 85 por cento de votação, abaixo dos esmagadores 97 por cento alcançados no Iowa. 
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