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Bispos católicos pedem revisão de todos os resultados em Moçambique

por Lusa

A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) pediu hoje aos órgãos eleitorais para "reverem com responsabilidade e justiça todo o apuramento dos resultados" das eleições autárquicas, assinalando que o país enfrenta "uma situação de instabilidade e de continuada tensão social".

"Apelamos aos órgãos eleitorais a rever com responsabilidade e justiça todo o processo de apuramento dos resultados que estão a ser divulgados, garantindo que tais sejam o reflexo verdadeiro dos votos depositados nas urnas, e, portanto, da vontade do povo", refere um comunicado da CEM, uma instituição composta por bispos católicos.

Aqueles líderes religiosos exortam "as lideranças do partido beneficiário desta crise eleitoral", mas sem mencionar o nome da formação política em causa, "a que chamem à razão os seus membros e simpatizantes para aceitarem a contestação dos resultados como parte do jogo democrático, multipartidário e inclusivo".

A viabilidade política, social e económica do país deve ser colocada acima dos interesses partidários de uma mera vitória eleitoral questionável, lê-se no texto.

A CEM dirige igualmente uma mensagem à oposição que tem contestado os resultados das eleições autárquicas.

 "Apelamos às lideranças dos partidos que protestam os resultados eleitorais a que chamem à razão os seus membros e simpatizantes a fazerem-no de forma pacífica, seguindo os princípios consagrados na Constituição da República de Moçambique e os trâmites legais sem violência", avança a nota.

A CEM considera que o processo eleitoral tem sido marcado por ilícitos eleitorais, uns mais graves que outros, que geraram um alto grau de desconfiança.

"Vemos com muita preocupação que, na medida que se vão divulgando os resultados, os níveis de incompreensões sobem, como também crescem as expressões de descontentamento no povo, sobretudo nos que se sentem trapaceados", refere a nota.

Os bispos católicos pedem às Forças de Defesa e Segurança para que garantam a proteção dos cidadãos, sem favorecimento em função da filiação partidária.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país na passada quarta-feira, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos.

Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) venceu em 49 e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, na Beira.

Pelo menos quatro tribunais distritais já anularam o escrutínio, alegando várias irregularidades, com destaque para falsificação de editais.

 O consórcio "Mais Integridade", coligação de organizações não-governamentais moçambicanas, acusou a Frelimo de ter manipulado os resultados das eleições autárquicas do dia 11, protagonizando "um nível elevado de fraude".

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