Boko Haram ameaça o Níger e o Chad

A cimeira africana que decorre nos Camarões, com vista à formalização de uma força militar conjunta contra o grupo islamita nigeriano Boko Haram, ficou marcada pela ameaça dos extremistas contra o Chad e o Niger, dois dos países envolvidos no acordo.

RTP /
Em novembro de 2014 um atentado atribuído ao Boko Haram em Kano, Nigéria, fez mais de 35 mortos Reuters

O Boko Haram avisou que os seus militantes irão começar a realizar atentados em ambos os países, criticando em particular o Niger por se deixar arrastar "para um pântano de escuridão"."Se insistirem na agressão e na coligação com o Governo do Chad, então anunciamos com alegria que a terra do Niger é mais fácil do que a terra da Nigéria e levar a guerra ao centro das vossas cidades será a primeira reação contra qualquer agressão que ocorra após este comunicado", afirmou o grupo extremista, de acordo com uma tradução do Grupode Informação SITE.

O Niger, o Chad, os Camarões e o Benim acordaram sexta-feira constituir uma força conjunta para auxiliar a Nigéria a combater a ameaça do Boko Haram. Esta segunda-feira o Burundi e a República Centro Africana concordaram em contribuir com tropas para a coligação.

Líderes da África Central anunciaram que vão contribuir com a maior parte dos 100 milhões de dólares necessários para combater o Boko Haram, sem revelar o que já foi entregue e quanto falta para cobrir a diferença.
Coligação contra ameaça conjunta
Tanto o Chad como os Camarões têm sido alvo de ataques do Boko Haram, habitualmente contra bases militares. Pela primeira vez, na semana passada, sexta-feira, uma aldeia no Chad foi atacada e incendiada pelos militantes, que chegaram pelo rio, em canoas a motor. Os islamitas foram depois expulsos pelo exército.

A coligação africana está a formar-se após mais de dois anos de operações do exército nigeriano contra o Boko Haram sublinharem a grande dificuldade em combater isoladamente a ameaça islamita.

Recentes operações das tropas do Chad e dos Camarões contra o Boko Haram provocaram sérios reveses nas forças islamitas. Esta segunda-feira, o exército nigeriano anunciou por seu lado a reconquista da cidade e base militar de Monguno, no poder do Boko Haram desde dia 25 de janeiro.

As operações terrestres foram apoiadas por bombardeamentos aéreos de grande precisão, afirmou a Defesa nigeriana em comunicado.
Mais de 200.000 refugiados
O Boko Haram, nome que significa "a educação ocidental é um pecado" e que pretende instituir um estado governado pela sharia no norte da Nigéria e em parte dos países vizinhos, foi fundado em Maiduguri, no norte da Nigéria, em 2002.

Nos últimos cinco anos o grupo transformou-se na maior ameaça terrorista no centro de África, particularmente na Nigéria. Os seus ataques e atentados, sobretudo contra as comunidades cristãs e animistas, fizeram 10.000 mortos só em 2014.

Milhares de nigerianos atravessaram o lago Chad para se refugiarem no Chad fugindo aos ataques do Boko Haram (Foto: Reuters)

Os ataques fizeram ainda milhares de refugiados, 157.000 dos quais estão no Niger, 40.000 nos Camarões e 17.000 no Chad, de acordo com a ONU. Cerca de um milhão de nigerianos estão deslocados no próprio país.
PUB