Bolsonaro recusa entregar faixa presidencial em caso de fraude nas eleições

por Lusa
Bolsonaro recusa entregar a faixa presidencial caso se confirme fraude eleitoral na sua eleição Adriano Machado - Reuters

O presidente do Brasil ameaçou que não vai entregar a faixa presidencial caso se considere ter existido fraude nas eleições de 2022, e voltou a defender o voto impresso.

"Eu entrego a faixa presidencial para qualquer um que ganhar de mim na urna de forma limpa. Na fraude, não! Não podemos enfrentar eleições no ano que vem com essa urna que não é aceite em país nenhum do mundo. (...) Querem-nos impor goela abaixo para fazer voltar aquela quadrilha. Vão ter problemas, não é ameaça, é constatação. O povo não vai admitir isso aí", disse Jair Bolsonaro, na habitual transmissão em direto na rede social Facebook, na quinta-feira.

Na transmissão, o chefe de Estado referiu-se ao antigo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, ao afirmar que "o ladrão" só será eleito com "fraude".

"Tiraram o Lula da cadeia, os crimes são inacreditáveis. (...) Tiraram o ladrão da cadeia, tornaram o ladrão elegível, no meu entender para ser presidente na fraude, porque no voto ele não ganha de ninguém", alegou.

"Não quero problemas e nem dezenas de milhões de brasileiros que vão às urnas. Estou apresentando, via Congresso, uma maneira de não termos como desconfiar do resultado final das eleições. Não podemos enfrentar eleições do ano que vem com essa urna que está aí", reforçou.

Lula da Silva, que recentemente viu anuladas as condenações no âmbito do processo Lava Jato, recuperou os direitos políticos e voltou a ser elegível.

O antigo presidente brasileiro lidera agora a corrida para as presidenciais de 2022, de acordo com as últimas sondagens, e poderia derrotar Bolsonaro na primeira volta.

Nem Lula, nem Bolsonaro, cuja popularidade tem diminuído muito nos últimos meses, confirmaram oficialmente a candidatura em 2022, mas ambos já admitiram essa possibilidade.

Críticas generalizadas

Na transmissão em vídeo no Facebook, Jair Bolsonaro criticou ainda os juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) por, afirmou, estarem a interferir no poder legislativo para barrar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que institui o voto impresso no país.

"Parece até que esses juízes [(do STF) estão negociando alguma coisa com o legislativo", disse, acrescentando: "Isso é horrível para a democracia. Nós não podemos aceitar essa interferência deslavada no legislativo".

Na quinta-feira, Bolsonaro troçou do "super pedido" de destituição, entregue na quarta-feira na Câmara dos Deputados, e que uniu vários partidos políticos, parlamentares da oposição, ex-aliados e movimentos sociais.

Bolsonaro criticou ainda a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que decorre no Senado brasileiro para investigar alegadas falhas do Governo na gestão da pandemia de covid-19, classificando-a de "vergonha".
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