BP admite que falhou tentativa para estancar fuga de petróleo

A British Petroleum (BP) admitiu o falhanço da mais recente tentativa para estancar a fuga de petróleo no Golfo do México. O derrame foi provocado por um acidente, a 20 de Abril, na plataforma costeira “Deepwater Horizon”. A operação consistia em bombear lama e cimento nos últimos três dias. A petrolífera admite agora que o procedimento fracassou e define uma nova estratégia para tentar conter a mancha de crude.

Raquel Ramalho Lopes, RTP /
Segundo a petrolífera, citada no site da BBC, foram bombeados 30 mil barris de lama e cimento, em três tentativas, a um ritmo de 80 barris por minuto Bevil Knapp, EPA

A companhia petrolífera considerava o bombeamento de lama e entulho tinha entre 60 a 70 por cento de hipóteses de ser bem sucedida. Contudo, sublinhava que "muitos dos procedimentos que estamos a tentar já foram feitos à superfície, mas nunca tentado a uma profundidade superior a 1500 metros". A operação de injecção de lama e cimento, designada de "top kill", era considerada muito delicada

"Após três dias inteiros a tentar conter a situação não conseguimos conter o fluxo do poço e cremos estar na altura de avançar para a seguinte opção que é o LMRP ("lower-marine-riser-package"), uma tampa de contenção de fluxo", afirmou Doug Suttles, chefe de operações da BP, em conferência de imprensa.

Consiste num robot submarino que irá usar uma serra para cortar e tapar a conduta que verte. O novo método deverá prolongar-se entre quatro a sete dias e o equipamento já está no local. A petrolífera não dá garantias do sucesso da operação, nem da sua eficácia, acrescentando ser a primeira vez que tal operação é efectuada a 1500 metros de profundidade.

"Confiamos que o trabalho compense mas não garantimos o seu sucesso", disse o director de operações, acrescentando que o procedimento não deverá resultar numa interrupção significativa do derrame.

De acordo com a empresa, a solução mais eficaz para conter a mancha de crude, um poço de relevo em fase de perfuração, só deverá estar operacional a partir de Agosto.

Desastre ambiental

O derrame de crude entre as costas do Louisiana, Alabama e Mississipi, é o pior que alguma vez ocorreu nos Estados Unidos. O desastre ambiental teve início com a explosão de equipamento de furo, que já matou 11 pessoas.

A mancha de crude atinge já 110 quilómetros da costa do Louisiana, ameaça espécies animais e coloca em risco a indústria pesqueira da região. "O facto de não conseguirmos estancar o fluxo de (crude) assusta toda a gente", admitiu o responsável da BP.

Obama promete ressarcimento das populações

O presidente norte-americano manifestou preocupação, sábado, logo após a BP ter admitido o insucesso da operação para conter a fuga de petróleo que originou a maré negra no golfo do México. Obama disse ser "tão irritante quanto devastador" a proporção do derrame e apelou às autoridades para que tentem de todas as formas possíveis travar o avanço da mancha de crude.

"Depois de temos recebido notícias positivas sobre a operação, agora parece claramente que isso não aconteceu", declarou em comunicado, após ter falado com responsáveis sobre a situação no Golfo do México. "Não vamos descansar enquanto a fuga não estiver controlada, até às águas e costas estarem limpas, e até que as pessoas prejudicadas injustamente por acidente provocado por falha humana sejam compensadas", acrescentou.

A administração Obama quer combater o espectro de inércia associado a catástrofes ambientais, na sequência do desempenho de George W.Bush por ocasião do furacão Katrina em 2005.

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