Brasil. Autor de livro sobre Marielle Franco assassinado em circunstâncias semelhantes às da vereadora

por RTP
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O autor de um livro de homenagem à antiga vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco foi morto a tiro quando caminhava por uma rua do Bairro da Tijuca, na mesma cidade. A polícia está a investigar o que poderá ter motivado o assassinato. As circunstâncias são idênticas às da morte da vereadora, na mesma semana em que foi emitido um segundo mandado de captura para um antigo polícia em prisão preventiva, o principal suspeito da morte de Marielle Franco.

Na segunda-feira da semana passada, Leuvis Manuel Olivero Ramos, de 38 anos, saiu de um restaurante por volta das 19 horas locais (23 horas em Portugal continental) e caminhava na Rua Baltazar Lisboa, entre o Bairro da Tijuca e a Vila Isabel, no Rio de Janeiro, quando um carro, de marca Hyundai, se aproximou. Dali saíram disparos que o atingiram na cabeça e no abdómen. Morreu no local ainda antes da chegada da equipa de socorro, accionada 28 minutos depois, refere a imprensa brasileira.

A polícia está a investigar a morte do escritor, nascido na República Dominicana e com cidadania americana, a viver no Brasil há quase uma década. Deixa uma filha de 9 anos, de nacionalidade brasileira.

No passado domingo, os amigos do escritor e capoeirista organizaram uma concentração para pedir mais empenho e celeridade na investigação da Delegacia de Homicídios à autoria e motivos dos disparos, de acordo com a Globo e com o Correio Braziliense.
 
"Ele era muito envolvido com causas sociais e combatia o preconceito de todas as formas, religioso, racial, social. Ele era uma pessoa positiva, um pacifista e se envolvia muito nas causas em que lutava. Tirando a sua militância, ele era um grande pai, estava com a sua filha em tudo que é canto. Um grande homem, super inteligente, solícito e ajudava toda a gente”, referiu um amigo, citado pelo Brazilian Times.

Ainda de acordo com esta publicação, Olivero terá dito aos amigos “que se sentia perseguido”. O corpo de Leuvis Ramos será trasladado para os Estados Unidos.
No rasto de Marielle Franco

Com 11 livros publicados, um deles em homenagem à vereadora Marielle Franco (Memória Viva), enquanto outro era uma crítica ao governo de Jair Bolsonaro, chamado Enquanto o ódio governava, a rua falava.

A antiga vereadora e o seu motorista Anderson Gomes foram também assassinados, igualmente com disparos de arma vindos de um carro, no centro histórico do Rio, após saírem de uma reunião comunitária, a 14 de março de 2018.
 
Estão detidos os antigos polícias Ronnie Lessa e Élsio de Queiroz e também Elaine Lessa, mulher do principal suspeito. O julgamento ainda não está marcado e a arma do crime também não foi encontrada.

De acordo com a Globo, “a polícia acredita em execução e a família também”, mas desconhecem os motivos que poderão ter conduzido ao crime.
Suspeito da morte de vereadora com novo mandado de detenção
Na passada quinta-feira, o principal suspeito da morte da vereadora – em prisão preventiva - e a mulher tiveram emitidos novos mandados de prisão, desta vez por lavagem de dinheiro. De acordo com o Ministério Público brasileiro, sete meses após o crime foi feito um depósito na conta do antigo polícia de 100 mil reais em dinheiro (cerca de 15.700 euros).
 
Ronnie Lessa terá movimentado uma soma avultada entre 2014 e 2018, incompatível com um salário de polícia. De acordo com a TV Globo, que cita a Promotoria, a maior parte das verbas - 568,2 mil reais (quase 90 mil euros) - foi depositada em 2018, em dinheiro, e a sua origem era difícil de identificar.

Segundo a polícia, Ronnie terá comprado vários imóveis de luxo a pronto pagamento. Contudo, o antigo polícia não declarou bens nem dívidas entre 2015 e 2018.

De acordo com a Globo, o caso está repleto de pontas soltas e de responsáveis pela investigação que, a dada altura, pediram para abandonar funções.
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