Brasileiros voltam a sair à rua para contestar Michel Temer

por Inês Geraldo - RTP
Temer tem sido alvo de vários protestos desde que ocupou a Presidência Nacho Doce - Reuters

A contestação ao Presidente interino do Brasil continua com manifestações nas principais cidades do país para pedir a saída de Michel Temer. O substituto de Dilma Rousseff teve de antecipar o regresso a Brasília depois de ver a contestação a chegar aos jardins da sua residência. Temer vê-se a braços com a oposição das centrais sindicais à flexibilização das leis do trabalho.

Diferentes organizações sociais e sindicais brasileiras (Movimento dos Trabalhadores sem Teto, União das Juventudes Socialistas e Central Única de Trabalhadores) convocaram manifestações para que os brasileiros demonstrassem o descontentamento pela situação política do país.

Um dos principais pontos de contestação foi no Rio de Janeiro, na Praça da Candelária, e teve com objetivo pedir o restabelecimento do Ministério da Cultura, cuja tutela transitou para a Educação, depois de Michel Temer ter cortado no número de pastas de 31 para 24.

A residência do Presidente no Alto dos Pinheiros, em São Paulo, também foi local de protestos. Por volta das 17h00 (hora local) de domingo, mais de cinco mil pessoas dirigiram-se para a casa de Michel Temer, enquanto um grupo de 150 acampou ao largo do edifício.

Com as vozes críticas a levantarem-se contra o novo Executivo, Michel Temer já fez saber que o Ministério da Cultura vai ser recuperado e entregue a Marcelo Calero. Apesar deste recuo, os protestos vão manter-se, tendo em vista a demissão do Presidente interino.

Temer ocupou a cadeira da Presidência há poucos dias, depois de Dilma Rousseff ter sido afastada por um período de 180 dias, por suspeitas de irregularidades orçamentais.
Flexibilização laboral origina protestos
Após entrar em funções, uma das primeiras medidas previstas pelo Executivo de Temer foi pedir a flexibilização das leis laborais no Brasil. No entanto, as centrais sindicais rejeitaram negociar com o Governo enquanto o país não sair da crise económica.

O objetivo do novo Governo é flexibilizar as leis dos trabalhadores, a partir de acordos coletivos, com o intuito de aumentar a produtividade da economia, levando o setor empresarial a reduzir custos quando investe.

A proposta pretende restringir as negociações apenas à redução da jornada laboral e a salários, ficando de fora as medidas relativas à segurança, saúde e condições dos trabalhadores.

Vagner Freitas, presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT) e apoiante confesso de Dilma Rousseff, foi o primeiro a pronunciar-se sobre a vontade do Executivo de Michel Temer, afirmando que o Brasil tem um Presidente sem legitimidade para fazer mudanças legislativas, e acusa o novo Governo de querer retroceder 50 anos na política brasileira.

A Força, de Paulo Pereira da Silva, diz que não é boa ideia Michel Temer mexer nas leis laborais e que as centrais sindicais podem unir forças contra o Governo.

A UGT, União Geral dos Trabalhadores, liderada por Ricardo Patah, diverge nas críticas ao novo Presidente, explicando que os sindicatos deviam estar abertos a discutir a flexibilização da lei laboral.
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