"Cada dia que passa traz novos ataques". Drones russos voltam a fazer vítimas na Ucrânia

Um novo ataque russo com drones em várias cidades da Ucrânia matou pelo menos três pessoas e feriu outras 64 durante a madrugada desta quinta-feira. O episódio acontece apenas um dia depois de um outro ataque de Moscovo que também provocou vítimas mortais. Volodymyr Zelensky alertou para a gravidade da situação e pediu maior pressão internacional sobre a Rússia.

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: Serviço Nacional de Emergência da Ucrânia via Reuters

Uma das áreas mais fortemente atingidas durante a madrugada foi Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, onde 17 drones atingiram dois distritos residenciais, de acordo com o autarca Ihor Terekhov.

"São locais comuns de vida pacífica, que nunca deveriam ser alvo de ataques", escreveu Terekhov na plataforma de mensagens Telegram.

Várias equipas de emergência, trabalhadores municipais e voluntários trabalharam durante a noite para extinguir os incêndios causados pelos ataques e resgatar os habitantes que se encontravam em casas em chamas.

O governador de Kharkiv, Oleh Syniehubov, avançou que pelo menos três pessoas morreram. Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que 64 pessoas ficaram feridas e reiterou o apelo a uma maior pressão internacional sobre Moscovo."Cada dia que passa traz novos ataques russos, e quase todos os ataques são reveladores", afirmou o líder da Ucrânia em comunicado.

“Não devemos ter medo ou adiar novas decisões que possam tornar as coisas mais difíceis para a Rússia. Sem isso, eles não se envolverão numa verdadeira diplomacia. E isso depende principalmente dos Estados Unidos e de outros líderes mundiais. Todos os que apelaram ao fim dos assassinatos e à diplomacia devem agir”, acrescentou.

Os últimos dias têm sido marcados por incessantes ataques russos contra a Ucrânia. Na segunda-feira deu-se um bombardeamento recorde de quase 500 drones, enquanto na terça-feira se registaram 315 drones e sete mísseis.

O exército ucraniano disse, por sua vez, ter atacado a fábrica de componentes eletrónicos Rezonit, em Moscovo, durante a noite. Os militares disseram ter registado explosões na fábrica, que produz componentes utilizados em armas de alta tecnologia e noutros equipamentos de defesa.
Zelensky pediu maior pressão sobre Moscovo
Na quarta-feira, o presidente ucraniano presidiu a uma cimeira com países do sudeste europeu no porto de Odessa, no Mar Negro, onde foi discutida a situação de segurança e energia na região, assim como o apoio militar que alguns dos participantes têm oferecido a Kiev.

Volodymyr Zelensky aproveitou para pedir que a União Europeia baixe ainda mais o limite do preço do petróleo russo, depois de a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, ter proposto uma redução de 60 para 45 dólares. O valor, abaixo do preço de mercado, pretende privar o Kremlin de lucros que usa para financiar a guerra na Ucrânia.

O presidente ucraniano argumentou que “a verdadeira paz vem com um limite de 30 dólares, pois esse é o nível que vai realmente mudar o pensamento em Moscovo”.

"Todos podem ver que Putin não quer acabar com esta guerra", disse Zelensky na cimeira em Odessa. "Ele acredita que, enquanto puder lutar e dominar os seus vizinhos, se mantém politicamente vivo”.

"Mas independentemente daquilo em que ele acredita, o nosso trabalho é forçar a Rússia a uma posição em que deve procurar a paz e a sobrevivência política por meios não militares. Isso é absolutamente possível", assegurou.

c/ agências
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