Ataque ucraniano a fábrica de componentes eletrónicos em Chuvashia

Um ataque ucraniano com drones, um dos mais fortes na Rússia em mais de três anos de guerra, forçou a suspensão temporária da produção de uma empresa de componentes eletrónicos na região de Chuvashia, no Volga.

Cristina Sambado - RTP /
Sofiia Gatilova - Reuters

O ataque, a cerca de 1.300 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, não causou vítimas, revelou o governador da Chuvashia, Oleg Nikolayev, numa declaração no Telegram.

“A situação está completamente sob controlo”, acrescentou.

Segundo Nikolayev, "foi tomada a decisão responsável de suspender temporariamente a produção para garantir a segurança dos funcionários" da empresa VNIIR onde os drones caíram. A Ucrânia envia regularmente drones para atacar alvos na Rússia, em resposta aos bombardeamentos aéreos diários do seu território pelos militares russos desde o lançamento de uma ofensiva em grande escala em fevereiro de 2022.

Não ficou imediatamente claro se os drones causaram algum dano. Nikolayev disse que outro drone caiu em alguns campos na área da capital da região, Cheboksary.

Já os militares ucranianos afirmaram no Telegram, esta segunda-feira, que "pelo menos dois drones" atingiram as instalações da VNIIR, especializada no fabrico de equipamento de navegação utilizado em drones de ataque, bombas aéreas guiadas e armas de alta precisão.

O exército ucraniano disse que o ataque de drones provocou um incêndio em grande escala na fábrica VNIIR.Segundo a Reuters, o VNIIR - Instituto Russo de Design de Investigação Científica e Tecnológica de Engenharia de Relés com produção experimental na Chuvashia - está na lista de sanções dos EUA.

O Ministério russo da Defesa - que informa apenas quantos drones foram destruídos e não quantos a Ucrânia lançou - afirmou no Telegram que as suas unidades derrubaram dois drones sobre a Chuvashia. No total, segundo o Ministério, os sistemas de defesa aérea destruíram 49 drones ucranianos durante a noite sobre a Rússia.

Kiev tem afirmado frequentemente que os seus ataques dentro da Rússia têm como objetivo destruir infraestruturas fundamentais para os esforços de guerra de Moscovo e são uma resposta aos contínuos ataques russos à Ucrânia.Drones atingem aeródromo militar
Segundo Kiev, drones ucranianos atingiram dois aviões no aeródromo militar de Savasleika, na região de Nizhny Novgorod, na Federação Russa, de onde descolam regularmente aeronaves MiG-31K, que transportam mísseis hipersónicos Kinzhal.

"O atacante russo está a utilizar [o aeródromo] para atacar território ucraniano", refere a nota do Estado-Maior-General que relata o ataque.

A nota acrescenta que, de acordo com informações obtidas pela Ucrânia, um MiG-31 e outro Su-30 ou Su-34 russo ficaram danificados no ataque.

Já na região de Voronezh, que faz fronteira com a Ucrânia, um ataque de drones ucranianos danificou um gasoduto, cortando o fornecimento de gás a 22 clientes, revelou o governador da região, Alexander Gusev.Rússia lançou 479 drones contra a Ucrânia durante a noite
A Rússia lançou um número recorde de 479 drones explosivos contra a Ucrânia durante a noite de domingo, anunciou a força aérea ucraniana após esta última série de ataques, que surgem numa altura em que Moscovo continua a recusar os pedidos de cessar-fogo de Kiev.

A Força Aérea ucraniana afirmou em comunicado que 460 destes drones foram intercetados ou neutralizados, assim como 19 dos 20 mísseis disparados pela Rússia.
“Foram registados impactos em dez locais”, acrescentou, sem dar mais pormenores.

No dia 1 de junho, a Ucrânia afirmou ter sido alvo de 472 drones durante a noite, um número recorde até então, de acordo com a força aérea à AFP.

Esta nova série de ataques com drones russos ocorre numa altura em que Kiev e Moscovo devem trocar prisioneiros e corpos de soldados mortos em ambos os lados do conflito.

A troca deveria ter ocorrido durante o fim de semana, mas deverá finalmente ter lugar esta “semana”, de acordo com o chefe dos serviços secretos militares ucranianos, Kyrylo Boudanov.

A Rússia tem atacado diariamente a Ucrânia desde o lançamento da sua invasão em grande escala, a 24 de fevereiro de 2022, bombardeando cidades e aldeias.

Há vários meses que Kiev pede a Moscovo uma trégua de 30 dias para iniciar conversações de paz, mas o Kremlin recusa-se a fazê-lo.

c/ agências
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