Cambridge Analytica pode ter acedido a dados de mais de 63 mil utilizadores em Portugal

por RTP
“Realizámos uma análise interna para o número de pessoas que potencialmente foram afetadas”, explica a empresa de Mark Zuckerberg Dado Ruvic - Reuters

De acordo com o Facebook, a consultora britânica no centro da polémica de acesso indevido a dados de utilizadores na rede social pode ter acedido a cerca de 63.080 utilizadores em Portugal.

É a própria rede social norte-americana a confirmar esta quinta-feira que o número de utilizadores que descarregaram a aplicação thisisyourdigitallife, a partir da qual conseguiram obter os dados, ronda os 15. No entanto, o número de pessoas potencialmente afetadas por esta recolha de dados inclui não só quem descarregou a app, mas também os respetivos amigos. 

“Realizámos uma análise interna para o número de pessoas que potencialmente foram afetadas”, explica a empresa de Mark Zuckerberg em comunicado.  

Para chegar aos potenciais 63 mil utilizadores afetados, o Facebook utilizou uma “metodologia expansiva”, que, segundo a empresa, permite fazer uma “estimativa mais correta”, não só do número de pessoas que instalaram a aplicação, mas também dos seus amigos, que ficaram dessa forma expostos.  

A revelação surge um dia depois de a rede social norte-americana ter revelado que a Cambridge Analytica acedeu indevidamente aos dados de 87 milhões de utilizadores, e não de 50 milhões de utilizadores, como revelavam as informações anteriormente disponíveis.

Segundo um gráfico revelado pela empresa, a grande maioria dos utilizadores afetados é dos Estados Unidos (mais de 70 milhões de utilizadores, ou seja, 81,6 por cento do total de visados). Seguem-se vários países, incluindo as Filipinas, Indonésia, Reino Unido, México e Canadá.


Facebook

Numa conferência telefónica com vários meios de comunicação social, o CEO e cofundador da empresa, Mark Zuckerberg, admitiu que o Facebook “deveria ter feito mais” na proteção dos dados dos utilizadores, mas garante que a empresa está disposta a aprender com os “erros” do passado. 

Desde 17 de março que a rede social está debaixo de fogo, na sequência de uma polémica com a empresa Cambridge Analytica, consultora britânica que é acusada de ter usado indevidamente os dados de milhões de utilizadores da rede social em que tenha havido consentimento desde 2014.

Esses dados ajudaram a empresa a elaborar um programa informático com fins eleitorais, tendo alegadamente favorecido as campanhas de Donald Trump, nos Estados Unidos, e do Brexit, no referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
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