Em causa estão as músicas "The Winner Takes It All", "Money, Money, Money" e "Dancing Queen".
Estes sucessos foram usadas num comício protagonizado pelo candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump e pelo vice JD Vance, a 27 de julho no Minnesota. Esta informação foi reportada pelo diário sueco Svenska Dagbladet, que tinha um jornalista no evento.
Em comunicado emitido nesta quinta-feira, a editora dos ABBA, Universal Music, veio exigir à equipa da campanha de Trump, que não use os sucessos dos suecos como apoio musical na campanha.
"Juntamente com os membros do ABBA, descobrimos que vídeos de campanha foram lançados onde a música do ABBA foi usada em eventos de Trump e, portanto, solicitamos que tal uso seja imediatamente removido e retirado", advertiu a editora discográfica.
Reiterou ainda que a campanha de Trump não tem qualquer permissão ou licença concedida para usar os temas, de acordo com a Reuters.
Porém, a equipa de campanha do candidato presidencial republicano respondeu, dizendo que tem autorização.
Um porta-voz da campanha de Trump esclareceu que "a campanha tinha uma licença para tocar música dos ABBA através do acordo que tem com a BMI e a ASCAP", segundo a agência Associated Press.
A BMI e a ASCAP são organizações de direitos públicos e são os principais operadores nos EUA. Concedem às empresas algo denominado “licença musical”, que dá o direito de reproduzir músicas do seu catálogo musical e garante que os músicos envolvidos sejam remunerados. Não ficou clarificado se os êxitos dos ABBA fazem parte desse catálogo.
Mais de 30 compositores contra Trump
Não é a primeira vez que cantores e compositores têm problemas com o uso das suas obras em eventos políticos de Trump sem permissão.
A lista de músicos que exigem que as suas músicas não sejam tocadas nos comícios republicanos já soma mais de 30 nomes.
Já antes das eleições de 2020, a lista incluía Bruce Springsteen, Rihanna, Phil Collins, Pharrell Williams, John Fogerty, Neil Young, Eddy Grant, Panic! at the Disco, R.E.M. e Guns N' Roses.
Compositores como o falecido cantor e guitarrista norte-americano Tom Petty, a cantora e compositora britânica Adele e a banda de rock já fizeram parte do alinhamento musical de Trump e opuseram-se, igualmente.
Em abril deste ano, a editora e os herdeiros da falecida cantora e ativista irlandesa Sinéad O'Connor exigiram que a campanha de Trump parasse de usar a música “Nothing Compares 2 U”.
Os responsáveis pelo espólio da cantora irlandesa manifestaram-se contra o abuso da campanha republicana e comentaram:
"Não é exagero dizer que Sinead ficaria enojada, magoada e insultada por ter o seu trabalho deturpado dessa forma por alguém a quem ela mesma se referiu como um 'diabo bíblico'. Como guardiões de seu legado, exigimos que Donald Trump e os seus associados desistam de usar sua música imediatamente".
Celine Dion e sua editora fizeram uma reclamação semelhante no início de agosto, onde deixaram claro qua as canções da cantora canadiana "não estavam autorizadas" para serem usadas por Trump, nomeadamente o tema "My Heart Will Go On", entretanto usado na campanha.
Já a candidata democrata Kamala Harris tem visto engrossar o número de artistas que autorizam o uso de músicas na campanha, como por exemplo Beyoncé que emprestou a canção Freedom ou Miley Cyrus, que cedeu o tema Party in the USA.
Os alegados abusos da equipa de Trump também já envolveram imagens falsas de IA que supostamente mostravam a estrela Taylor Swift apoiando-o nas redes sociais.