O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reconheceu este sábado que o Governo e o Partido Socialista espanhóis vivem "dias difíceis" devido às suspeitas de corrupção e aos escândalos que têm surgido nos últimos dias. No entanto, Sánchez recusa demitir-se, afirmando que "o capitão fica para enfrentar a tempestade".
"Estou plenamente consciente de que estão a ser dias difíceis para todos, sem dúvida alguma, para o Governo de Espanha e para a militância do partido", disse Pedro Sánchez, no arranque de uma reunião da comissão federal do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), em Madrid.
Sánchez admitiu estar "com o coração tocado", mas também como "a determinação intacta e a mesma vontade" de enfrentar "a adversidade", recusando demitir-se.
“Vocês elegeram-me capitão deste navio, e um capitão não abandona o navio quando o mar fica agitado; ele fica para resistir à tempestade, salvar o rumo e retomar ao porto", disse o primeiro-ministro espanhol. O Governo de Sánchez e o PSOE foram atingidos nas últimas semanas por polémicas e suspeitas de corrupção que, pela primeira vez, ameaçam a sobrevivência política do primeiro-ministro.
Na segunda-feira, Santos Cerdán, “número três” do PSOE e um dos braços direitos de Sánchez, ficou em prisão preventiva num caso de suspeita de corrupção que envolve também um antigo ministro de Sánchez e ex-dirigente do partido, José Luis Ábalos. Cerdán é acusado de orquestrar subornos em troca da atribuição de contratos de obras públicas e de serviços de prostituição.
Cerdán e Ábalos foram dois dos homens mais próximos de Sánchez na sua corrida à liderança do PSOE (que conquistou em 2014) e do Governo (tornou-se primeiro-ministro pela primeira vez em 2018).
Santos Cerdán foi também o dirigente socialista que negociou a lei de amnistia com os independentistas catalães que possibilitou a reeleição de Sánchez como primeiro-ministro em novembro de 2023.
Escândalo de assédio sexual
E enquanto Sánchez se preparava para discursar este sábado na sede do PSOE, surgiu uma nova polémica. Francisco Salazar, um dos nomes propostos por Pedro Sánchez para a nova liderança socialista, demitiu-se devido a alegações de assédio sexual.
Foi o próprio Salazar que anunciou que renunciava ao cargo de vice-secretário da organização até que essas alegações sejam esclarecidas.
O site de notícias Eldiario.es noticiou queixas de mulheres socialistas que acusam Salazar de "comportamento impróprio" de natureza sexual quando este era seu superior hierárquico. O PSOE afirmou que iria iniciar uma investigação, acrescentando que nenhuma alegação foi feita através dos seus canais habituais.
Sánchez pediu que qualquer mulher que tenha sofrido abusos sexuais utilize os canais disponibilizados pelo partido para fazer uma denúncia.
"Se acreditamos que o corpo de uma mulher não está à venda, então não pode haver espaço para comportamentos que contrariem essa crença", disse, sem mencionar Salazar.
Os socialistas também anunciaram este sábado que expulsarão do partido qualquer pessoa que recorra à prostituição. "Solicitar, aceitar ou obter um ato sexual de uma pessoa em troca de um pagamento" será punido com "a pena máxima, a expulsão do partido", anunciou o PSOE em comunicado.
"Vamos derrotar a corrupção dentro e fora da nossa organização"
Neste contexto, a reunião deste sábado do máximo órgão do PSOE entre congressos pretendeu mudar nomes na cúpula do partido e aprovar medidas para aumentar a transparência, prevenir e combater a corrupção dentro da estrutura e também castigar comportamentos machistas e o assédio sexual.
O PSOE nomeou Rebeca Torro como substituta de Cerdán como secretária da organização e dois vice-secretários.
Sánchez anunciou também várias medidas contra a corrupção, incluindo reformas na máquina partidária "para evitar a concentração excessiva de poder" e o anonimato dos denunciantes.
"Vamos derrotar a corrupção dentro e fora da nossa organização", afirmou, em resposta aos "indivíduos corruptos que mancharam nossa sigla", referindo-se a Ábalos e Cerdán.
"Somos conscientes de que a deceção é grande, mas a responsabilidade de Espanha continuar a avançar é ainda maior", declarou, depois de ter de novo pedido desculpas aos espanhóis e aos militantes socialistas por se ter enganado e depositado confiança em pessoas "que não mereciam". Sánchez reiterou que o PSOE, como organização, não é corrupto e prometeu colaboração com a justiça em relação às suspeitas que envolvem os ex-dirigentes do partido.
Já assolado por investigações judiciais contra a sua mulher, o seu irmão e o procurador-geral do país, o primeiro-ministro atravessa agora o seu período mais complicado desde que assumiu o cargo, em 2018.
O governador de Castela-La Mancha, Emiliano Garcia-Page, descreveu o escândalo como um dos mais graves em meio século desde a restauração da democracia em Espanha, após a morte do ditador Francisco Franco.
c/ agências
Sánchez admitiu estar "com o coração tocado", mas também como "a determinação intacta e a mesma vontade" de enfrentar "a adversidade", recusando demitir-se.
“Vocês elegeram-me capitão deste navio, e um capitão não abandona o navio quando o mar fica agitado; ele fica para resistir à tempestade, salvar o rumo e retomar ao porto", disse o primeiro-ministro espanhol. O Governo de Sánchez e o PSOE foram atingidos nas últimas semanas por polémicas e suspeitas de corrupção que, pela primeira vez, ameaçam a sobrevivência política do primeiro-ministro.
Na segunda-feira, Santos Cerdán, “número três” do PSOE e um dos braços direitos de Sánchez, ficou em prisão preventiva num caso de suspeita de corrupção que envolve também um antigo ministro de Sánchez e ex-dirigente do partido, José Luis Ábalos. Cerdán é acusado de orquestrar subornos em troca da atribuição de contratos de obras públicas e de serviços de prostituição.
Cerdán e Ábalos foram dois dos homens mais próximos de Sánchez na sua corrida à liderança do PSOE (que conquistou em 2014) e do Governo (tornou-se primeiro-ministro pela primeira vez em 2018).
Santos Cerdán foi também o dirigente socialista que negociou a lei de amnistia com os independentistas catalães que possibilitou a reeleição de Sánchez como primeiro-ministro em novembro de 2023.
Escândalo de assédio sexual
E enquanto Sánchez se preparava para discursar este sábado na sede do PSOE, surgiu uma nova polémica. Francisco Salazar, um dos nomes propostos por Pedro Sánchez para a nova liderança socialista, demitiu-se devido a alegações de assédio sexual.
Foi o próprio Salazar que anunciou que renunciava ao cargo de vice-secretário da organização até que essas alegações sejam esclarecidas.
O site de notícias Eldiario.es noticiou queixas de mulheres socialistas que acusam Salazar de "comportamento impróprio" de natureza sexual quando este era seu superior hierárquico. O PSOE afirmou que iria iniciar uma investigação, acrescentando que nenhuma alegação foi feita através dos seus canais habituais.
Sánchez pediu que qualquer mulher que tenha sofrido abusos sexuais utilize os canais disponibilizados pelo partido para fazer uma denúncia.
"Se acreditamos que o corpo de uma mulher não está à venda, então não pode haver espaço para comportamentos que contrariem essa crença", disse, sem mencionar Salazar.
Os socialistas também anunciaram este sábado que expulsarão do partido qualquer pessoa que recorra à prostituição. "Solicitar, aceitar ou obter um ato sexual de uma pessoa em troca de um pagamento" será punido com "a pena máxima, a expulsão do partido", anunciou o PSOE em comunicado.
"Vamos derrotar a corrupção dentro e fora da nossa organização"
Neste contexto, a reunião deste sábado do máximo órgão do PSOE entre congressos pretendeu mudar nomes na cúpula do partido e aprovar medidas para aumentar a transparência, prevenir e combater a corrupção dentro da estrutura e também castigar comportamentos machistas e o assédio sexual.
O PSOE nomeou Rebeca Torro como substituta de Cerdán como secretária da organização e dois vice-secretários.
Sánchez anunciou também várias medidas contra a corrupção, incluindo reformas na máquina partidária "para evitar a concentração excessiva de poder" e o anonimato dos denunciantes.
"Vamos derrotar a corrupção dentro e fora da nossa organização", afirmou, em resposta aos "indivíduos corruptos que mancharam nossa sigla", referindo-se a Ábalos e Cerdán.
"Somos conscientes de que a deceção é grande, mas a responsabilidade de Espanha continuar a avançar é ainda maior", declarou, depois de ter de novo pedido desculpas aos espanhóis e aos militantes socialistas por se ter enganado e depositado confiança em pessoas "que não mereciam". Sánchez reiterou que o PSOE, como organização, não é corrupto e prometeu colaboração com a justiça em relação às suspeitas que envolvem os ex-dirigentes do partido.
Já assolado por investigações judiciais contra a sua mulher, o seu irmão e o procurador-geral do país, o primeiro-ministro atravessa agora o seu período mais complicado desde que assumiu o cargo, em 2018.
O governador de Castela-La Mancha, Emiliano Garcia-Page, descreveu o escândalo como um dos mais graves em meio século desde a restauração da democracia em Espanha, após a morte do ditador Francisco Franco.
"A liderança precisa de compreender que, se não oferece uma saída, se não oferece soluções, então é parte do problema", disse, pedindo ao primeiro-ministro para se submeter a uma moção de confiança no Parlamento.
Este sábado, Luís Montenegro deslocou-se a Madrid para manifestar apoio ao líder do Partido Popular, que procura aprovar uma moção de censura ao Governo socialista de Pedro Sánchez.