Captados "ruídos subaquáticos na área de busca" pelo submersível Titan
A Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou que um avião canadiano detetou sons subaquáticos durante as operações de busca pelo submersível que desapareceu quando transportava cinco pessoas até aos destroços do Titanic. Horas mais tarde, as autoridades norte-americanas anunciaram que a investigação subaquática desencadeada por esses sons tinha "produzido resultados negativos", até então.
Na sequência dos sons detetados por um avião militar canadiano P-3, os esforços de busca foram reorientados.
Os socorristas têm corrido contra o relógio porque, mesmo nas melhores circunstâncias, o navio Titan pode ficar sem oxigénio na quinta-feira de manhã.
Para além de um conjunto internacional de navios e aviões, um robô subaquático começou a fazer buscas nas imediações do Titanic e há um esforço para enviar equipamento de salvamento para o local, no caso de o submarino ser encontrado.Resultados "negativos"
As equipas detetaram sons de batidas de 30 em 30 minutos, na terça-feira. O retorno acústico foi registado por dispositivos de sonar adicionais, debaixo de água, no Atlântico Norte.
“O retorno acústico foi ouvido e ajudará na vetorização de ativos de superfície e também indicando esperança contínua de sobreviventes”, explica um memorando interno do Governo dos EUA, sobre a busca.
As autoridades enfatizaram a importância do equipamento de sonar para captar sons subaquáticos durante a procura pelo submarino, "que pode estar no fundo do oceano", dizem.
O capitão reformado Bobbie Scholley, ex-mergulhador da Marinha dos EUA, já tinha referido à CNN, na segunda-feira, a importância do uso de boias-sonar para capar sinais do Titan. “O submersível emitirá sons com os sistemas a bordo e a tripulação, esperançosamente, também estará a fazer barulho”, observou.
“Essas boias de sonar são muito boas e estão a detetar esses ruídos", acrescentou.
Três aviões de transporte C-17 das Forças Armadas norte-americanas foram utilizados para transportar submersíveis comerciais e equipamento de apoio. Os militares canadianos disponibilizaram, por sua vez, um avião de patrulha e dois navios, tendo ainda lançado boias de sonar para detetar quaisquer sons do Titan.
Entretanto, já esta quarta-feira, a Guarda Costeira dos EUA veio dizer que a investigação sobre os ruídos subaquáticos "produziu resultados negativos", até ao momento.
Canadian P-3 aircraft detected underwater noises in the search area. As a result, ROV operations were relocated in an attempt to explore the origin of the noises. Those ROV searches have yielded negative results but continue. 1/2
— USCGNortheast (@USCGNortheast) June 21, 2023
Apenas mais 24 horas de oxigénio
O submersível foi desenhado para ter uma reserva de oxigénio durante quatro dias, em situação de emergência, segundo David Concannon, conselheiro da OceanGate Expeditions, que supervisionou a missão. Já passaram três dias desde que se fez ao mar.
O jornalista da cadeia televisiva norte-americana CBS News David Pogue, que viajou até ao Titanic a bordo do Titan no ano passado, disse que o veículo usa dois sistemas de comunicação: mensagens de texto trocadas com um navio de superfície e pings de segurança que são emitidos a cada 15 minutos, para indicar que o submersível ainda está a funcionar.
Ambos os sistemas pararam cerca de uma hora e 45 minutos depois de o Titan ter submergido, no domingo, indicou a empresa OceanGate Expeditions, proprietária da embarcação e organizadora das viagens aos destroços do Titanic.
"Isto significa uma de duas coisas: ou eles perderam toda a energia ou o submersível abriu uma brecha no casco e implodiu instantaneamente. Ambas são devastadoras", disse Pogue.
Ilustração da visita às ruinas do Titanic | site OceanGate ExpeditionsIntensificam-se as buscas com robô subaquático
Na terça-feira, a França anunciou que o instituto Ifremer de ciências oceânicas enviou um navio, o Atalante, equipado com um robô subaquático, o Victor 6.000, para procurar o submersível.
O Victor 6.000 deve chegar ao seu destino ainda esta quarta-feira e mergulhar até uma profundidade de cerca de quatro mil metros para realizar operações de busca.
Os destroços do Titanic - que se afundou após colidir com um icebergue, em 1912 - estão a uma profundidade de cerca de 3.800 metros e a uma distância de aproximadamente 640 quilómetros a sul da ilha canadiana de Newfoundland.A comunicação perdeu-se quando a embarcação estava a cerca de 700 quilómetros a sul de São João da Terra Nova, segundo o Centro de Coordenação de Salvamento Conjunto do Canadá, citado pela Associated Press.
c/ agências