Carro atropela soldados em Paris e faz seis feridos

por RTP
Soldados franceses garantem o perímetro de segurança em torno do local onde um carro atropelou em Levallois-Perret, arredores de Paris, um grupo de militares da Operação Sentinelle Christophe Petit Tesson - EPA

A polícia parisiense procura uma viatura que se lançou sobre um grupo de soldados no município periférico de Levallois-Perret. Seis ficaram feridos, três deles com gravidade, de acordo com um comunicado da ministra francesa das Forças Armadas.

As investigações do caso foram entregues à Procuradoria anti-terrorista. O inquérito foi determinado por "tentativas de assassínio contra pessoas depositárias de autoridade pública com ligação a uma iniciativa terrorista".

A notícia do incidente foi dada pela info-radio no jornal das 08h00 da manhã.

A prefeitura da polícia confirmou depois a informação acrescentando que o atropelamento se deu cerca das seis da manhã, hora GMT, oito horas em França.


"Está em curso uma intervenção policial. Decorrem buscas pelo veículo", referiu o departamento da polícia na sua página da rede social Twitter.

Nenhum dos soldados feridos gravemente corre perigo de vida, garantiram fontes policiais à Agência France Presse.

Na altura do ataque três militares preparavam-se para render outra patrulha, incluida no dispositivo anti-terrorista Sentinela, no município 30 minutos a nordeste de Paris.

Em comunicado, a ministra francesa das Forças Armadas, Florence Parly, condenou o ataque, que classificou de "ato cobarde".

"Seis militares do 35º regimento de infantaria de Belfort ficaram feridos, três deles gravemente, sem gravidade", precisou a ministra, elevando de dois inicialmente confirmados para três o número de feridos graves.

"O autor está em fuga e é activamente procurado pelas forças da ordem. O inquérito em curso irá determinar as suas motivações e as circunstâncias nas quais agiu", acrescenta Parly.

No comunicado  a ministra condena "com a maior firmeza este ato cobarde que não abala em nada a determinação dos militares de trabalhar pela segurança dos franceses".
Veículo "acelerou" contra os militares
Patrick Balkany, o presidente da Câmara de Levallois-Perret afirmou à radiotelevisão BMF que o veículo era um BMW e que não há dúvida de que se tratou de um ataque.

"Sem qualquer dúvida foi um acto deliberado", garantiu. "É um acto odioso de agressão", acrescentou.

De acordo com Balkany, o ataque deu-se diante de um quartel situado na Praça de Verdun, no centro de Levallois, um município "calmo e seguro" onde "nunca houve incidentes", segundo garantiu.

O quartel de Levallois-Perret, França, onde se deu o ataque contra seis militares da Operação Sentinela Foto: Reuters

O carro, de cor escura de acordo com informações das forças de segurança, estava parado numa travessa lateral e acelerou contra os militares.

"O veículo acelerou muito rapidamente quando eles saíram", disse Balkany. "Não parou. Atropelou-os e seguiu a alta velocidade."

O condutor pôs-se em fuga e está em curso uma imensa caça ao homem e buscas pelo veículo. Toda a cidade está a ser passada "a pente fino", como refere a correspondente da RTP em França, Rosário Salgueiro.

As imagens captadas pela câmaras de segurança da praça do município de Levallois-Perret estão a ser analisadas para coligir todos os dados possíveis que possam levar à identificação do veículo e do condutor.

Em pleno mês de agosto e das férias, a praça estava muito calma à hora do incidente.
Macron acompanha
O presidente Emmanuel Macron segue o evoluir da investigação, no Palácio do Eliseu, onde decorre o conselho de ministros semanal.

O incidente ocorreu por volta das 08:00 (07:00 em Lisboa), pouco antes do início do conselho de Defesa e que reúne o presidente, o primeiro-ministro e um grupo restrito de ministros.

É possível que, ao longo do dia, Emmanuel Macron se desloque aos hospitais para onde foram transportados os seis militares feridos, dois dos quais em estado grave.

Os feridos graves encontram-se no centro militar de Percy, na localidade de Clamart, próximo de Levallois Perret.
Operação Sentinela
Desde 25 de janeiro que a França tem sido alvo de uma vaga de atentados jiadistas, que fez 239 mortos. Os últimos ataques visaram sobretudo as forças de segurança em locais emblemáticos.

A Operação Sentinela mobiliza desde janeiro de 2015, sete mil soldados em permanência em todo o território francês, metade deles na região parisiense.

Em julho passado o Presidente Emmanuel Macron afirmou que o dispositivo ia ser revisto "em profundidade para ter a maior eficácia operacional tendo em conta a evolução da efectividade e a evolução da ameaça".

O emprego massivo de soldados em território nacional está no centro de um debate aceso, com alguns políticos, sobretudod de direita, a questionarem sobre a eficácia do dispositivo emrelação ao esforço imposto às Forças Armadas, muito envolvidas em teatros de operações externas num quadro de aperto orçamental.

C/Lusa
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