Cessar-fogo na Síria no terceiro dia com relativa calma, Alepo celebra novo ano

por Lusa

Cairo, 01 jan (Lusa) -- A interrupção das hostilidades na Síria, que entrou em vigor na quinta-feira, cumpre o terceiro dia num ambiente de relativa calma, apesar de diversas violações cometidas pelo regime sírio e os rebeldes.

Até ao momento, a trégua "está a ser respeitada e está a correr bem", disse hoje à agência de notícias Efe o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdel Rahmane.

O responsável afirmou que, apesar de alguns ataques isolados após o início do cessar-fogo, apoiado pela Rússia e Turquia, "não existe uma grande magnitude de violações", mas a trégua foi ameaçada este sábado pela fação rebelde Exército Livre Sírio.

Neste cenário de tranquilidade, Alepo, que no final do ano esteve sob intensos combates, até o regime de Bashar al-Assad ter conquistado toda a cidade aos rebeldes, viveu o primeiro dia de 2017 num ambiente de júbilo, pela primeira vez em quatro anos.

"Nem sequer pensei em celebrar esta ocasião durante estes últimos quatro anos, mas este ano a situação é diferente e Alepo merece um pouco de alegria", disse um cidadão, Ziad Homsi, enquanto jantava num restaurante da cidade com a sua mulher, Nur.

Este habitante de Alepo assegurou que esta "é a primeira vez que uma trégua é negociada pelas pessoas adequadas", numa alusão ao facto de os Estados Unidos não participarem neste terceiro cessar-fogo desde que começou o conflito.

Apesar da calma, o ambiente continua um pouco hostil em algumas zonas, já que este domingo houve bombardeamentos e disparos de artilharia em várias cidades sírias, mas sem que se tenham registado vítimas mortais, informou, num comunicado, o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Segundo a organização não-governamental, um bombardeamento causou vários feridos em zonas rebeldes na periferia ocidental de Alepo, em cuja zona meridional se produziram ataques semelhantes.

Também se registou o lançamento de projéteis em zonas sob o controlo governamental na província de Deraa e em zonas rebeldes da periferia de Damasco.

As principais violações da trégua, segundo o Observatório, ocorreram nas províncias de Hama e Idleb, no centro e norte do país, respetivamente, e na periferia de Damasco.

Segundo a agência oficial de notícias SANA, vários terroristas -- sem precisar o número -- do grupo extremista Estado Islâmico (EI) morreram hoje em confrontos com as forças do regime sírio na cidade de Deir Ezzor, capital da província homónima.

O mesmo órgão acrescentou que o exército sírio atacou com artilharia os `jihadistas` nesta cidade, controlada quase totalmente pelo EI.

Além disso, a agência referiu que dezenas de combatentes morreram na periferia oriental de Homs por ataques das forças governamentais.

A trégua cobre todo o país e abrange todas as partes beligerantes, à exceção dos grupos terroristas Estado Islâmico e a Frente da Conquista do Levante (conhecido antes como Frente al-Nusra, antiga filial da al-Qaeda).

Os esforços para que a Síria avance no caminho para a paz, após seis anos de guerra civil, prosseguirão numa nova de negociações prevista para finais de janeiro, em Astana, capital do Cazaquistão.

A guerra na Síria causou a morte a cerca de 300 mil pessoas, entre as quais 90 mil civis, e obrigou perto de 12 milhões de pessoas a abandonarem as suas casas, de acordo com um balanço recente realizado pelo Observatório.


 

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