Charlottesville: autor do ataque idolatrava Hitler

por RTP
Alex Fields no encontro “Unite the Right”, no Emancipation Park Eze Amos - Reuters

O embate entre supremacistas brancos e participantes de um protesto antirracismo em Charlottesville, Virginia, resultou na morte de uma mulher de 32 anos, e dezenas de feridos. A tragédia trouxe um alerta sobre o perigo das ideologias supremacistas, que parecem apresentar-se de forma cada vez mais constante e violenta em território norte-americano. O autor do ataque é prova disso mesmo.

O jovem Alex Fields Jr que, a meio dos protestos antirracismo, organizado em resposta ao movimento pelo “domínio dos brancos”, acelerou o carro deliberadamente contra a multidão, matou a jovem Heather Heyer e deixou outras 19 pessoas feridas.

O jovem dirigia um Dodge Challenger a alta velocidade e, após atingir dezenas de pessoas, fugiu no veículo, mas foi capturado pouco tempo depois pela polícia de Charlottesville. Fields é agora alvo de investigação pelo FBI. Ele foi levado em custódia acusado de homicídio de segundo grau, lesão corporal e fuga do local.

Segundo um antigo professor de Fields, Derek Weimer, o rapaz defendia ideias extremistas durante o tempo de escola, e chegou a escrever um artigo sobre os nazistas durante a segunda Guerra Mundial que mais parecia uma “declaração de amor ao grupo militar alemão”.

“Era óbvio que ele tinha um certo tipo de fascínio pelo nazismo e uma grande idolatria por Hitler”, afirmou Weimer. “Ele acreditava mesmo nos ideais da ideologia branca”, completou.

O professor admitiu, ainda, ter falhado em dissuadi-lo de suas ideias. “Admito que falhei. Tentei fazer o meu melhor, nós precisamos estar vigilantes sobre esse assunto porque essas filosofias estão a destruir nosso país”.
Quem é Alex Fields?
O jovem de 20 anos nasceu em Kenton, no estado norte-americano de Kentucky, e nunca conheceu o pai, que foi morto em um acidente de carro cinco meses antes do nascimento do filho. Familiares de Fields afirmam que ele era um “menino muito quieto”, e que tinha dificuldades em fazer amigos na escola. Ele havia se mudado para Maumee, em Ohio, a cerca de seis meses.

Em uma entrevista à Associated Press, a mãe, Samantha Bloom, afirmou que o filho lhe havia dito que participaria num comício “que tinha qualquer coisa com Donald Trump”, mas garantiu que não sabia do que se tratava e que não costumava conversar com o filho sobre suas visões políticas.

Esta não é a primeira tragédia que atravessa a vida de Samantha Bloom. Aos 16 anos, o pai assassinou sua mãe após uma discussão e depois atirou contra si mesmo.

Um fotógrafo alegou ter visto Fields no sábado a vestir roupas e símbolos associados ao grupo extremista Vanguard America, que no seu manifesto declara que “um governo baseado na lei natural não deve atender a falsa noção de igualdade”. A organização negou qualquer conexão com Fields.
A razão dos protestos
A manifestação organizada no sábado pelos supremacistas brancos tinha como objetivo protestar contra a decisão de retirar uma estátua do general Robert E. Lee de um parque local. Lee lutou para que os estados americanos do sul fossem separados do norte, que se declarava abolicionista, para que pudesse manter seus escravos.

Em resposta a esse movimento, manifestantes antirracismo marcaram um contraprotesto diante de uma estátua do presidente Thomas Jefferson (1743-1826), que fundou a universidade e cuja fazenda fica nos arredores.

Quando o grupo extremista, com roupas camufladas, escudos e armas de grosso calibre encontraram os antirracistas, houve troca de agressões, arremesso de objetos e uso de gás pimenta.

Os supremacistas – que já haviam realizado uma marcha na noite anterior com tochas e palavras de ordem contra negros, homossexuais, judeus e imigrantes– planeavam atrair 6.000 pessoas.

Um vídeo disponível online mostra um sedan e uma minivan na rua repleta de ativistas. De repente, um Dodge Challenger 2010 bate contra a parte de trás do sedan, atira metal na multidão, e lança corpos pelo ar. O carro rapidamente anda de marcha atrás, e atinge mais pessoas.
Resposta de Trump pouco contundente
A reação do Presidente americano Donald Trump sobre os acontecimentos em Charlottesville parece não ter sido incisiva o suficiente. Críticos até mesmo do seu partido disseram que o Presidente falhou em condenar com veemência militantes da supremacia branca.

Em respostas, a Casa Branca disse que "O presidente disse de maneira muito forte em sua declaração que ele condena todas as formas de violência, intolerância e ódio, e claro que isso inclui os supremacistas brancos, a KKK, neo-Nazi e todos os grupos extremistas. Ele pediu união nacional e que todos os americanos estejam unidos", disse o porta-voz da Casa Branca, segundo a Reuters.
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