China alerta para risco de "generalização" da guerra Irão-Israel. EUA pedem intervenção para impedir fecho do estreito de Ormuz

por Cristina Santos - RTP
Protesto contra ataques dos EUA a instalações nucleares do Irão, em Los Angeles, Califórnia Reuters

Esta segunda-feira, as autoridades chinesas acusaram os EUA de terem prejudicado a própria credibilidade ao atacarem instalações nucleares do Irão. São as primeiras declarações de Pequim após os ataques norte-americanos a instalações nucleares iranianas e também depois de Teerão anunciar o plano para encerrar o estreito de Ormuz.

A China pede à comunidade internacional esforços para "evitar um impacto no desenvolvimento económico mundial". "O Golfo Pérsico e as suas águas circundantes são canais importantes para o comércio internacional de bens e energia", afirmou o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun.
Em conferência de imprensa em Pequim, esta segunda-feira, este porta-voz sublinhou que "manter a segurança e a estabilidade na região está no interesse comum da comunidade internacional"

É preciso intensificar "os esforços para promover a distensão dos conflitos".

Pequim insiste em acusar Washington de "exacerbar as tensões no Médio Oriente" ao atacar infraestruturas nucleares iranianas. 

A China, juntamente com a Rússia e o Paquistão, apresentou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projeto de resolução que apela a "um cessar-fogo imediato e incondicional" entre Irão, Israel e Estados Unidos.

"Atacar instalações nucleares sob as salvaguardas do Organismo Internacional de Energia Atómica constitui uma violação grave dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional", sublinha o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros

Defendendo o regresso ao "caminho da solução política", a diplomacia chinesa não comentou diretamente os apelos do secretário de Estado norte-americano

Marco Rubio pediu à China para interceder junto do Irão para evitar o encerramento do estreito de Ormuz, uma das rotas marítimas mais importantes do mundo. 

Um apelo após a emissora estatal iraniana Press TV divulgar que o parlamento aprovou um plano para encerrar o estreito. No entanto, a decisão final está nas mãos do Conselho Supremo de Segurança Nacional.

O encerramento do estreito de Ormuz tem implicações diretas no fornecimento de petróleo e gás no Mundo. 
Ilustração - Dado Ruvic - Reuters

Cerca de 20 por cento do petróleo mundial passa pelo estreito de Ormuz, com os principais produtores de petróleo e gás do Médio Oriente a utilizarem esta ligação marítima para transportar a energia da região.

Qualquer interrupção destas ligações vai fazer os preços globais do petróleo dispararem com consequências profundas para a economia. Em particular para a China que é o maior importador mundial de petróleo iraniano e mantém uma relação próxima com Teerão.

Os dois países assinaram um acordo de cooperação económica em 2021 que inclui um investimento chinês nos setores da energia e das infraestruturas do Irão.

A Arábia Saudita, o Irão, o Iraque e os Emirados Árabes Unidos, que estavam entre os principais fornecedores de crude para a China em 2024, enviam grande parte da sua carga através desta passagem estratégica. 

Por isso, Marco Rubio tornou público um apelo a Pequim, numa entrevista à Fox News no domingo. "Eu encorajo o governo chinês a contatá-los (aos líderes do Irão) sobre isso (o encerramento), porque eles dependem muito do estreito de Ormuz para terem petróleo".
"Se eles [fecharem o estreito]... será um suicídio económico. Nós temos opções para lidar com isso, mas outros países não têm outras soluções e isso prejudicaria as suas economias muito mais do que a nossa", garantiu Rubio.
Os preços do petróleo subiram após o ataque dos EUA às instalações nucleares iranianas.

O preço do petróleo Brent, de referência, atingiu o nível mais alto em cinco meses. No domingo à noite, o preço do barril de Brent chegou aos 78,89 dólares, o maior nível desde janeiro.

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