China lança exercícios militares junto a Taiwan para alertar "forças externas"
A China afirmou hoje que estava a enviar tropas aéreas, navais e de mísseis para realizar exercícios militares conjuntos em torno de Taiwan, para alertar o que descreveu como forças separatistas e de "interferência externa".
O exército chinês disse que manobras militares "de grande porte" em torno de Taiwan, incluindo exercícios com munições reais, estão agendadas para terça-feira em cinco zonas nas águas e no espaço aéreo junto à ilha.
"A partir de 29 de dezembro, o Comando Leste do Exército de Libertação Popular mobilizará tropas do Exército, da Marinha, da Força Aérea e da Força de Mísseis para realizar exercícios militares conjuntos denominados `Missão Justiça 2025`", referiu o porta-voz do comando, coronel Shi Yi.
Num comunicado separado, um mapa mostra cinco zonas em redor de Taiwan onde "serão realizados exercícios com munições reais" das 08:00 às 18:00 de terça-feira (das 00:00 às 10:00 em Lisboa).
"Por razões de segurança, todas as embarcações e aeronaves não relacionadas com contacto são aconselhadas a não entrar nas águas e no espaço aéreo mencionados", refere o comunicado.
As manobras são "um sério aviso às forças separatistas independentistas de Taiwan e constituem uma ação legítima e necessária para salvaguardar a soberania e a unidade nacional da China", disse Shi Yi.
Os exercícios ocorrem num contexto de tensão bilateral, depois de a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, ter sugerido em novembro, em declarações no Parlamento nipónico, que o Japão poderia intervir, caso a China tomasse medidas militares contra Taiwan.
O exército chinês não mencionou o Japão no comunicado divulgado hoje.
Pequim reagiu às declarações de Takaichi com críticas, várias medidas de retaliação e oposição pública ao reforço militar japonês nas ilhas Nansei, próximas de Taiwan.
Na sexta-feira, o Presidente de Taiwan, William Lai Ching-te, recebeu uma delegação liderada pelo antigo ministro dos Negócios Estrangeiros japonês Taro Kono, num contexto de fricções diplomáticas crescentes entre Tóquio e Pequim.
Várias figuras políticas japonesas têm visitado Taiwan, entre elas o ex-ministro da Justiça Keisuke Suzuki, o ex-assessor Akihisa Nagashima e Koichi Hagiuda, secretário-geral interino do Partido Liberal Democrático, há décadas no poder.
Na semana passada, a China impôs sanções a 20 empresas norte-americanas de defesa, após os Estados Unidos terem anunciado a venda de armamento ao Governo de Taipé.
A China considera Taiwan uma "parte inalienável" do seu território e não exclui o uso da força para alcançar a reunificação. O Governo de Taipé rejeita essa posição e insiste que apenas os 23 milhões de habitantes da ilha têm o direito de decidir o seu futuro político.