Cimeira de Chisinau. Zelensky pede adesão à NATO em julho e à UE no outono

por Joana Raposo Santos - RTP
Na Moldávia, o presidente ucraniano insistiu que todos os países que fazem fronteira com a Rússia devem ser membros da UE e da NATO. Peter Klaunzer - EPA

O presidente Volodymyr Zelensky insistiu esta quinta-feira na urgência da adesão da Ucrânia à NATO e à UE. Na cimeira da Comunidade Política Europeia em Chisinau, capital da Moldávia, o líder pediu aos membros da Aliança Atlântica que tomem uma posição clara sobre o tema já em julho. E aproveitou para apelar novamente ao Ocidente que proteja os céus ucranianos, após uma nova noite de ataques russos fatais em Kiev.

“Este ano é para tomar decisões”, vincou Zelensky, que participou presencialmente na cimeira. “No verão, na cimeira da NATO em Vílnius, é preciso que os membros lancem um convite claro à Ucrânia e são necessárias garantias de segurança no caminho para a adesão à NATO”.

O líder disse ainda que as esperanças da Ucrânia na adesão à NATO repousam na "unidade de toda a Aliança”, garantindo que Kiev trabalha nesse sentido. "O nosso futuro está na UE. A Ucrânia está pronta para aderir à NATO", acrescentou.

No Twitter, o presidente ucraniano pediu não só a adesão à Aliança Atlântica em julho, como a adesão à União Europeia no outono.


“Os limites da segurança na Europa têm, de facto, sido os limites da nossa determinação, da nossa capacidade de nos unirmos pelo bem dos interesses do nosso povo e de toda a Europa”, declarou Zelensky.

O presidente ucraniano insistiu que todos os países que fazem fronteira com a Rússia devem ser membros da UE e da NATO, já que Moscovo “tenta engolir apenas aqueles que estão fora desse espaço comum de segurança”.

“Quando não há garantias de segurança, há apenas garantias de guerra”, frisou.

Na quarta-feira, em Bratislava (Eslováquia), o presidente francês Emmanuel Macron pediu a ampliação da União Europeia "o mais rápido possível". Fontes diplomáticas ouvidas pela agência Reuters avançaram que as declarações são um sinal de que Paris, até agora cautelosa, apoiaria as negociações de adesão à UE da Ucrânia e da Moldávia, que poderão começar no final deste ano.
Kiev organiza "cimeira da paz"
No seu discurso de hoje, Zelensky afirmou também que a Ucrânia está a organizar uma "cimeira da paz" para discutir os critérios para o fim da guerra, mas ainda não definiu uma data, já que Kiev ainda está a tentar trazer mais países à mesa de discussões.

"Estamos a preparar a cimeira da paz, que irá orientar a maioria mundial a implementar uma fórmula de paz conjunta, o que é uma necessidade global. Chegou a hora e as dúvidas devem desaparecer".

O presidente da Ucrânia terminou dizendo "abertamente" que apenas uma forte defesa aérea, nomeadamente com caças Patriot modernos, pode derrotar o terrorismo russo.

A cimeira dos 27 Estados-membros e outras 20 nações europeias realizou-se em Chisinau, Moldávia, a apenas 20 quilómetros da fronteira com a Ucrânia. O local foi escolhido de forma simbólica.
Reportagem no Telejornal, 1 de junho de 2023

“O nosso encontro hoje na Moldávia tem um peso gigante. O país faz fronteira com a Ucrânia e, aqui, a ameaça russa é palpável”, declarou o presidente dinamarquês, Mark Rutte.

Tal como a Moldávia, a Ucrânia é candidata à UE desde junho de 2022. A presidente do país, Maia Sandu, líder pró-Ocidente cujas relações com a Rússia ficaram tensas após a invasão da Ucrânia, também pressionou por negociações para tornar a entrada da Moldávia na UE o mais rápida possível.

Para além da guerra na Ucrânia e das adesões à UE e NATO, os líderes dos países europeus discutiram temas como a escalada das tensões étnicas no Kosovo e os esforços para uma paz duradoura entre a Arménia e o Azerbaijão.
Aliados ultimam "posição coletiva"
No final da cimeira desta quinta-feira, o primeiro-ministro português avançou que os aliados da NATO estão a ultimar uma "posição coletiva" sobre o futuro da Ucrânia na Aliança Atlântica.

"Os aliados estão a trabalhar na preparação da próxima Cimeira de Vílnius e, neste momento, é prematuro ainda dizer qual vai ser a posição que vão assumir. Não haverá posições individuais, haverá uma posição coletiva e nós participaremos e estamos a participar na formação dessa posição coletiva", afirmou António Costa aos jornalistas.

Frisando que a questão da integração da Ucrânia na NATO "não se coloca para já", o chefe de Governo defendeu que "a melhor forma de garantir uma paz justa e duradoura, após terminar a ofensiva militar, é em função daquilo que for a negociação dos termos de paz".

"Infelizmente, estamos muito longe ainda dessa situação", adiantou o primeiro-ministro, lamentando ainda os "ataques violentíssimos contra Kiev", registados esta quinta-feira.

Questionado sobre o apoio português à Ucrânia, António Costa referiu que "Portugal tem enviado bastante material militar de diferente natureza", de acordo com as suas "capacidades e disponibilidades".

"No que diz respeito à Aliança que está a ser desenvolvida, a plataforma multilateral [...] envolvendo vários países sobre a capacidade de combate aéreo, a disponibilidade que nós temos e aquilo que onde participaremos é nas ações de formação, [enquanto] outros participarão a outros níveis", elencou.

A posição surge depois de, na semana passada, Portugal se ter manifestado disponível para dar formação a pilotos ucranianos na utilização dos caças F-16, mas ter apontado que para já não há disponibilidade para enviar aeronaves.

c/ agências
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