A redistribuição de pesos na “ordem económica mundial” segue “a ganhar força” e “estamos todos a testemunhar que o modelo de globalização liberal” está “obsoleto”. O diagnóstico é do presidente russo, Vladimir Putin, que falou este domingo, por videoconferência, à XVII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos BRICS, a decorrer no Rio de Janeiro. Ao abrir o evento, o presidente brasileiro, Lula da Silva, advertira para o “colapso sem paralelo do multilateralismo”.
“A mudança na ordem económica mundial continua a ganhar força. Estamos todos a testemunhar que o modelo de globalização liberal se tornou obsoleto”, estimou Putin, para acrescentar que, em consequência, “o foco da atividade empresarial está a deslocar-se para os mercados em desenvolvimento”.
“O que está a impulsionar uma grande onda de crescimento, incluindo nos países BRICS”, vincou o número um do Kremlin.
Os BRICS, reforçou o chefe de Estado russo, representam um terço da superfície do planeta e perto de metade da população global. E valem já “40 por cento da economia mundial”.
“O PIB total, em termos de paridade do poder de compra, atingiu já os 77 biliões de dólares, segundo o FMI. Aliás, neste indicador, os BRICS ultrapassam significativamente outros blocos, incluindo o G7, que tem 57 biliões”, prosseguiu.O grupo BRICS integrou, num primeiro momento, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Desde 2024, passou a incluir Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Arábia Saudita e Indonésia. Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietname são países associados.
O presidente russo tratou ainda de sublinhar o facto de 90 por cento das transferências entre o seu país e os demais membros dos BRICS se realizarem em moedas nacionais.
O presidente brasileiro acolheu este domingo, no Rio de Janeiro, os líderes dos BRICS para o arranque da cimeira anual deste grupo. Estão fisicamente ausentes os presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping.
Recorde-se que sobre Putin pende um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, com base na acusação de crimes de guerra perpetrados na Ucrânia. A Rússia faz-se representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
“Colapso sem paralelo do multilateralismo”
Logo na abertura dos trabalhos, o anfitrião, Lula da Silva, denunciou o que considerou ser o “colapso sem paralelo do multilateralismo”, insistindo na necessidade de reformular a composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“A ONU completou 80 anos no último dia 26 de junho e presenciamos um colapso sem paralelo do multilateralismo”, afirmou diante das delegações de aproximadamente 30 países e uma dezena de organizações internacionais.As primeiras sessões plenárias da cimeira debruçaram-se sobre os temas da “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global” e “Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Económico-Financeiros e Inteligência Artificial”. Para segunda-feira, último dia da reunião, está prevista uma sessão sobre “Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global”.
“Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque”, acentuou o presidente brasileiro, acrescentando que o Direito Internacional é agora “letra morta, juntamente com a solução pacífica de controvérsias”. Isto no contexto de um “número inédito de conflitos desde a II Guerra Mundial”. “Para superar a crise de confiança que enfrentamos, é preciso transformar profundamente o Conselho de Segurança”, advogou. Ou seja, abrir o órgão da ONU a novos membros permanentes da Ásia, da África e da América Latina e Caribe.
Só assim, propugnou Lula da Silva, será possível “garantir a própria sobrevivência da ONU”.
China e Rússia apoiam posição brasileira
Entrentanto, chineses e russos reiteraram o apoio à entrada do Brasil e da Índia no Conselho de Segurança, cuja reforma foi secundada pelos 11 países dos BRICS.
O apelo foi inscrito na declaração Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável: "Salientamos que a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas visa a ampliar a voz do Sul Global".
Na mesma nota refere-se que China e Rússia "reiteram o apoio às aspirações do Brasil e da Índia de desempenhar um papel mais relevante nas Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança".
c/ agências
“O que está a impulsionar uma grande onda de crescimento, incluindo nos países BRICS”, vincou o número um do Kremlin.
Os BRICS, reforçou o chefe de Estado russo, representam um terço da superfície do planeta e perto de metade da população global. E valem já “40 por cento da economia mundial”.
“O PIB total, em termos de paridade do poder de compra, atingiu já os 77 biliões de dólares, segundo o FMI. Aliás, neste indicador, os BRICS ultrapassam significativamente outros blocos, incluindo o G7, que tem 57 biliões”, prosseguiu.O grupo BRICS integrou, num primeiro momento, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Desde 2024, passou a incluir Egito, Irão, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Arábia Saudita e Indonésia. Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietname são países associados.
O presidente russo tratou ainda de sublinhar o facto de 90 por cento das transferências entre o seu país e os demais membros dos BRICS se realizarem em moedas nacionais.
O presidente brasileiro acolheu este domingo, no Rio de Janeiro, os líderes dos BRICS para o arranque da cimeira anual deste grupo. Estão fisicamente ausentes os presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping.
Recorde-se que sobre Putin pende um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, com base na acusação de crimes de guerra perpetrados na Ucrânia. A Rússia faz-se representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
“Colapso sem paralelo do multilateralismo”
Logo na abertura dos trabalhos, o anfitrião, Lula da Silva, denunciou o que considerou ser o “colapso sem paralelo do multilateralismo”, insistindo na necessidade de reformular a composição do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“A ONU completou 80 anos no último dia 26 de junho e presenciamos um colapso sem paralelo do multilateralismo”, afirmou diante das delegações de aproximadamente 30 países e uma dezena de organizações internacionais.As primeiras sessões plenárias da cimeira debruçaram-se sobre os temas da “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global” e “Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Económico-Financeiros e Inteligência Artificial”. Para segunda-feira, último dia da reunião, está prevista uma sessão sobre “Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global”.
“Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque”, acentuou o presidente brasileiro, acrescentando que o Direito Internacional é agora “letra morta, juntamente com a solução pacífica de controvérsias”. Isto no contexto de um “número inédito de conflitos desde a II Guerra Mundial”. “Para superar a crise de confiança que enfrentamos, é preciso transformar profundamente o Conselho de Segurança”, advogou. Ou seja, abrir o órgão da ONU a novos membros permanentes da Ásia, da África e da América Latina e Caribe.
Só assim, propugnou Lula da Silva, será possível “garantir a própria sobrevivência da ONU”.
China e Rússia apoiam posição brasileira
Entrentanto, chineses e russos reiteraram o apoio à entrada do Brasil e da Índia no Conselho de Segurança, cuja reforma foi secundada pelos 11 países dos BRICS.
O apelo foi inscrito na declaração Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável: "Salientamos que a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas visa a ampliar a voz do Sul Global".
Na mesma nota refere-se que China e Rússia "reiteram o apoio às aspirações do Brasil e da Índia de desempenhar um papel mais relevante nas Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança".
c/ agências
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