Cimeira NATO: "É absolutamente indispensável que resulte da Declaração de Haia o reforço da relação transatlântica"

por Andrea Neves - Antena 1

Foto: Andrea Neves - Antena 1

Em Haia vai discutir-se o futuro da NATO e chegou a pensar-se que, por causa de algumas divisões internas, poderia nem haver uma Declaração de Haia. Haverá, será curta e generalista e o destaque será para o eventual acordo sobre quanto os países vão gastar em defesa.

O Embaixador Luís de Almeida Sampaio que já representou Portugal na NATO diz que é uma oportunidade para reforçar o laço transatlântico, deixar um apoio inequívoco à Ucrânia e, eventualmente, não ignorar o que se passa no Médio Oriente.

A Cimeira está este ano reduzida a 3 horas na manhã de quarta-feira. Não haverá tempo para grandes discussões mas haverá uma declaração final, curta, admitem fontes ligadas à Aliança.

Para além da questão do investimento e de quanto se vai gastar em defesa, há questões que para o Embaixador Luís de Almeida Sampaio, não podem deixar de ser referidas.

“Para além da tal agenda formal, a cimeira da NATO terá que deverá contribuir para o reforço da relação transatlântica, contribuir para o aprofundamento da Europa da defesa no sentido de uma maior responsabilização dos europeus com a sua defesa. E quando eu digo os europeus, estou aqui inclui o Reino Unido”.

Não se espera nenhuma afirmação concreta sobre a adesão da Ucrânia à NATO mas a Declaração de Haia “tem que inequivocamente ter uma palavra de solidariedade com a Ucrânia, independentemente daquilo que se pense sobre as eventuais negociações e o seu futuro”.

E a relação transatlântica tem que sair reforçada desta Cimeira.

“É absolutamente indispensável que resulte da Declaração da Haia a importância da preservação da relação transatlântica, do Tratado de Washington, da Organização do Tratado do Atlântico Norte e, designadamente, do seu artigo quinto. É absolutamente vital que a Declaração contemple esta perspetiva de reforço da relação transatlântica."

Luís de Almeida Sampaio, que foi embaixador de Portugal na NATO entre 205 e 2019 considera ainda que será essencial haver uma referência ao Médio Oriente.

“Nem que seja nas conferências de imprensa dos líderes, nem que seja através de uma referência em qualquer documento que saia da cimeira da NATO, porque a situação no Médio Oriente é uma situação que tem implicações geoestratégicas também para a área do Tratado do Atlântico Norte. Há um aliado da NATO que tem fronteira com a Síria, que tem tropas na Síria e que têm interesses estratégicos diretos envolvidos na situação no Médio Oriente. Não, não seria razoável que a Turquia deixasse passar uma ocasião como a cimeira da NATO para não suscitar o debate sobre a situação no Médio Oriente”.

Até porque a próxima Cimeira da NATO será, precisamente, na Turquia.
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