Cimeira UE-Ucrânia. Kiev saúda "sinal forte" enviado a Moscovo

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Yves Herman - Reuters

A União Europeia e a Ucrânia vão realizar uma cimeira em Kiev na próxima sexta-feira. O presidente ucraniano saudou a realização desta cimeira na capital, afirmando que é “um sinal forte” enviado à Rússia. Volodymyr Zelensky espera que o encontro reflita um alto nível de “cooperação e progresso” com a UE e afirmou que o seu governo está a planear implementar reformas como parte dos esforços para integrar o bloco europeu.

A cimeira com os 27 Estados-membros da União Europeia é um passo importante para a Ucrânia, que procura integrar o bloco europeu depois de ter recebido o estatuto de candidato oficial à adesão à UE.

No seu discurso na noite de terça-feira, o presidente ucraniano saudou a realização da cimeira, esperando que o encontro reflita um alto nível “de cooperação e progresso" com a UE. "Estamos à espera de notícias para a Ucrânia", disse Volodymyr Zelensky.

"O facto de esta cimeira ser realizada em Kiev é um forte sinal dirigido tanto aos nossos parceiros quanto aos nossos inimigos", disse o primeiro-ministro ucraniano Denys Chmygal, dizendo "esperar da cimeira uma avaliação provisória positiva dos nossos esforços para a integração europeia".

O presidente ucraniano anunciou que estava a planear implementar reformas no governo como parte dos esforços de prosseguir com as negociações para garantir a adesão da Ucrânia à UE.

“O que é muito importante é que estamos a preparar novas reformas na Ucrânia”, disse Zelensky, citado pela Reuters. “São reformas que em muitos aspetos vão mudar as realidades sociais, jurídicas e políticas, tornando-as mais humanas, mais transparentes e mais eficazes”, acrescentou.

Nas últimas semanas, o governo de Zelensky tem sofrido uma onda de demissões após notícias publicadas na imprensa do país sobre alegados casos de corrupção. A reestruturação do executivo de Kiev é um esforço para a eliminação da corrupção na Ucrânia, uma das principais exigências da UE para a integração de Kiev no bloco europeu.

Esta quarta-feira, Boris Johnson apelou a que se inicie de imediato o processo de adesão da Ucrânia à NATO, defendendo que esta seria a única forma de travar a guerra.


O antigo presidente do Comité Militar da NATO e atual presidente da Chéquia também afirmou esta quarta-feira que a Ucrânia está “moralmente e praticamente pronta” para se tornar parte da aliança assim que o conflito terminar.

Petr Pavel também apoiou o fornecimento de armas à Ucrânia pelo Ocidente. “Não temos alternativa. Se deixarmos a Ucrânia sem assistência, eles provavelmente perderiam esta guerra. E se eles perderem, todos nós perdemos”, disse Pavel em entrevista à BBC.
Kiev espera receber entre 120 a 140 tanques ocidentais
A cimeira tem lugar alguns dias depois de os aliados ocidentais terem avançado com o envio de tanques para a Ucrânia, depois de a Alemanha ter finalmente dado o aval necessário.

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Kiev espera receber "entre 120 e 140" tanques ocidentais para expulsar o exército russo.

Esta é a primeira vez que Kiev revela o número total de armas pesadas modernas prometidas pelos seus aliados ocidentais. A Ucrânia tinha indicado anteriormente que precisaria de várias centenas desses tanques pesados, mísseis de longo alcance e aviões para poder realizar contra-ofensivas capazes de reconquistar os territórios ucranianos ocupados pela Rússia.

Para além dos tanques Leopard 2 dos aliados ocidentais, a Ucrânia vai também receber os norte-americanos M1 Abrams.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na terça-feira que estão em curso negociações com Kiev para programar a ajuda militar futura, mas rejeitou fornecer caças F16 a Kiev, que tem pedido o reforço da aviação para derrotar Moscovo.

Os ocidentais temem que um apoio militar ainda mais maciço possa levar o Kremlin a uma escalada, à medida que a Rússia tem afirmando que o envio de tanques ocidentais a Kiev foi uma decisão “extremamente perigosa” que levará o conflito a um “novo nível de confronto”.

Numa altura em que a invasão russa da Ucrânia está prestes a completar um ano, o presidente israelita disse esta quarta-feira que está a considerar o envio de ajuda militar à Ucrânia. Em entrevista à CNN, Benjamin Netanyahu mostrou ainda estar disposto a servir como mediador entre a Rússia e a Ucrânia se solicitado.

c/ agências
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