Cisjordânia. Colonos israelitas destroem mais de 70 casas palestinianas

por Carla Quirino - RTP
Ammar Awad - Reuters

Centenas de colonos israelitas atacaram, na noite de domingo, dezenas de casas palestinianas na região de Nablus, no norte da Cisjordânia. Morreu pelo menos uma pessoa e outras 330 ficaram feridas. Os colonos incendiaram pelo menos 75 residências e destruíram mais de uma centena de automóveis.

Grupos de colonos israelitas invadiram as localidades palestinianas de Huwara, Burin, Zatara, Odala e Asira al-Qabaliyya armados com facas, paus, pedras e armas de fogo.

Incendiaram 75 residências de palestinianos, das quais 35 ficaram completamente destruídas. Outras 40 sofreram danos parciais. Mais de 100 carros foram incendiados.

Durante os ataques, pelo menos um homem palestiniano de 37 anos morreu depois de ter sido atingido a tiro por um colono israelita, na vila de Zatara. O número de feridos ultrapassa os 330.


O Crescente Vermelho afirma ter socorrido mais de 100 feridos e que três das suas ambulâncias foram atacadas por colonos israelitas, enquanto realizavam operações de emergência médica.

Nas muitas partilhas nas redes sociais, há relatos que descrevem colonos israelitas a matar um rebanho inteiro de ovelhas e a arrancar oliveiras e outras plantações de habitantes palestinianos.

Esta escalada da violência no norte da Cisjordânia acontece dias depois de um ataque militar israelita que fez dez mortos entre os palestinianos em Nablus. Entre as vítimas mortais, foram identificados dois homens, irmãos, de 21 e 19 anos, do assentamento judaico de Har Bracha, a poucos quilómetros de Huwara, na região de Nablus.

Em comunicado, o presidente de Israel, Isaac Herzog, condenou o ataque dos colonos israelitas no norte da Cisjordânia ocupada.

"Fazer justiça com as próprias mãos provoca motins e atos de violência contra inocentes. Este não é o nosso caminho e expresso a minha forte condenação"
, afirmou.

Também o primeiro-ministro israelita pediu calma e reagiu contra a violência desencadeada pelos colonos.“Peço que, quando o sangue estiver a ferver e o espírito a escaldar, não tomem a lei nas vossas mãos”, afirmou Benjamin Netanyahu, citado na Al Jazeera.


Casa incendiada de uma mulher palestiniana | Ammar Awad - Reuters

O presidente palestiniano, Mahmud Abbas, condenou o que descreveu como “atos terroristas perpetrados por colonos sob a proteção das forças de ocupação”. “Consideramos o Governo israelita totalmente responsável”, acrescentou.

Ghassan Douglas, um responsável palestiniano que monitoriza os colonatos israelitas na região de Nablus, estima que tenham estado envolvidos nos ataques cerca de 400 colonos. Confirmou que, só em Hawara, queimaram pelo menos seis casas e dezenas de carros e que há relatos de muitos mais ataques a aldeias palestinas vizinhas.

“Nunca vi um ataque como este”, afirmou Douglas, citado na publicação britânica The Guardian.


Carros de residentes palestinianos incendiados em Hawara | Ammar Awad - Reuters

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, também ele líder de colonos, gere parte da política israelita nos territórios na Cisjordânia. O ministro tem defendido medidas para inflingir um "ataque às cidades do terror e aos instigadores, sem piedade, com tanques e helicópteros”.

Depois dos ataques de domingo, Smotrich veio apelar aos colonos para que deixassem "o exército e o Governo fazerem o seu trabalho. É proibido fazer justiça com as próprias mãos e criar uma anarquia perigosa que pode sair do controlo e custar vidas".

O povo palestiniano reivindica os territórios da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza como partes de um futuro Estado. Estas áreas, por sua vez, estão ocupadas por Israel desde a guerra de 1967. Estabeleceram-se aí cerca de 700 mil colonos israelitas.

A comunidade internacional considera que os colonatos são ilegais e apresentam-se como obstáculos à paz.

c/ agências
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