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Cisternas de água radioativa de Fukushima deverão ser totalmente esvaziadas
A Tepco, empresa que explora a central nuclear de Fukushima Dai-ichi, diz que são pelo menos três os tanques subterrâneos com fugas de água radioativa. A empresa desconhece a razão do vazamento que, na semana passada, atingiu as 120 toneladas. Naomi Hirose, presidente da Tepco, afirma-se preocupado.
"Reconhecemos que é uma situação grave. Formámos uma célula de crise para resolver o problema", afirmou Hirose esta quarta-feira, em conferência de imprensa.
"Vamos tentar esvaziar totalmente os reservatórios subterrâneos", acrescentou o responsável, sublinhando que a operação deverá estar concluída até junho de 2013.
Para tal a Tepco terá de acelerar a construção de mais cubas gigantescas, acima do solo, onde grande parte da água radioativa tem sido armazenada, de forma a poder transferir a água das cisternas para novos tanques.
As fugas da água contaminada foram detetadas na semana passada, em dois reservatórios subterrâneos revestidos de materiais supostamente estanques. Foram apenas o mais recente incidente de uma série negra que tem afetado a central desde meados de março.
280 mil toneladas de água contaminada
A empresa calcula que, até seis de abril, escaparam dos tanques 120 toneladas de água radioativa. Outras 47 toneladas suplementares terão fugido durante as operações de transvase para outros reservatórios acima do solo.
Mais fugas foram entretanto detetadas, elevando a três, de um total de sete, o número das cisternas com falhas.A central nuclear japonesa de Fukushima Dai-ichi produzia eletricidade mas foi severamente afetada pelo sismo de 2011. Tem estado encerrada desde então, com a Tepco a conter fugas radioativas e a tentar manter os reatores e o combustível nuclear arrefecidos.
A água contaminada é oriunda do arrefecimento dos reatores nucleares da central. É descontaminada em parte e reutilizada para o arrefecimento do combustível mas o excedente tem de ser guardado em reservatórios.
Este excedente atinge as 400 toneladas diárias. O total acumulado já atingiu cerca de 280.000 toneladas, numa capacidade total de armazenamento de 331.000 toneladas (cubas e reservatórios subterrâneos).
"Queremos resolver o problema o mais depressa possível mas, materialmente, isto não fica feito num dia," considerou Naomi Hirose, prometendo construir as novas cubas "o mais depressa possível." A falta de espaço para colocar os tanques é outro problema por resolver.
Série negra
A fuga dos reservatórios é o mais recente de uma série de incidentes na central de Dai-ichi desde 18 de março. Um rato provocou nessa data um curto-circuito num quadro elétrico temporário originando uma falha de eletricidade que durou 30 horas.
Duas semanas depois uma nova máquina para processar a água parou de funcionar quando um técnico premiu um botão errado. No dia seguinte, ocorreu outro apagão quando os empregados instalavam ratoeiras.
No mesmo dia registaram-se outros três incidentes menores e perdas de arrefecimento nas piscinas onde se armazena o combustível nuclear.
O ministro japonês de Economia, Comércio e Indústria, Toshimitsu Motegi, a quem competem também as questões energéticas, já chamou Naomi Hirose. "Se estes incidentes continuam todo o processo de desmantelamento da central pode ser afetado", declarou Motegi.
Pescadores céticos
A central de Fukushima é hoje uma enorme rede de condutas, canalizações e cabos elétricos, instalada para levar água até aos reatores danificados e piscinas de combustível dentro de edifícios em escombros.
"Fukushima Dai-ichi mantém-se numa situação extremamente instável, não há dúvidas quanto a isso," afirmou Shunichi Tanaka, diretor da Autoridade de Regulação do Nuclear esta quarta-feira numa reunião dos setor.
"Não podemos afastar a possibilidade de que problemas similares ocorram de novo. De cada vez que há um problema, as operações da central param e atrasa-se o objetivo principal de encerrar a central," acrescentou.A grande preocupação das autoridades com a recente fuga de água radioativa é a contaminação dos lençóis freáticos e do oceano próximo. A Tepco comprometeu-se já a vigiar atentamente a radioatividade dos terrenos.
A Toshiba está por seu lado a desenvolver um novo sistema de descontaminação da água, que só em setembro de 2013, no melhor cenário, poderá ser testado.
A Tepco espera usar este novo sistema para vir a lançar ao oceano água limpa até aos níveis de radioatividade legalmente permitidos, cerca de 100 becquerel (Bq) por litro, sendo o Bq a unidade que mede a radioatividade.
As cooperativas de pesca da zona, quase paradas desde o sismo, mostram-se céticas quanto às promessas de empresa e receiam que os problemas com o armazenamento da água radioativa continuem a piorar à medida que esta se for acumulando.
O processo de descontaminação da central de Fukushima pode levar 40 anos.
"Vamos tentar esvaziar totalmente os reservatórios subterrâneos", acrescentou o responsável, sublinhando que a operação deverá estar concluída até junho de 2013.
Para tal a Tepco terá de acelerar a construção de mais cubas gigantescas, acima do solo, onde grande parte da água radioativa tem sido armazenada, de forma a poder transferir a água das cisternas para novos tanques.
As fugas da água contaminada foram detetadas na semana passada, em dois reservatórios subterrâneos revestidos de materiais supostamente estanques. Foram apenas o mais recente incidente de uma série negra que tem afetado a central desde meados de março.
280 mil toneladas de água contaminada
A empresa calcula que, até seis de abril, escaparam dos tanques 120 toneladas de água radioativa. Outras 47 toneladas suplementares terão fugido durante as operações de transvase para outros reservatórios acima do solo.
Mais fugas foram entretanto detetadas, elevando a três, de um total de sete, o número das cisternas com falhas.A central nuclear japonesa de Fukushima Dai-ichi produzia eletricidade mas foi severamente afetada pelo sismo de 2011. Tem estado encerrada desde então, com a Tepco a conter fugas radioativas e a tentar manter os reatores e o combustível nuclear arrefecidos.
A água contaminada é oriunda do arrefecimento dos reatores nucleares da central. É descontaminada em parte e reutilizada para o arrefecimento do combustível mas o excedente tem de ser guardado em reservatórios.
Este excedente atinge as 400 toneladas diárias. O total acumulado já atingiu cerca de 280.000 toneladas, numa capacidade total de armazenamento de 331.000 toneladas (cubas e reservatórios subterrâneos).
"Queremos resolver o problema o mais depressa possível mas, materialmente, isto não fica feito num dia," considerou Naomi Hirose, prometendo construir as novas cubas "o mais depressa possível." A falta de espaço para colocar os tanques é outro problema por resolver.
Série negra
A fuga dos reservatórios é o mais recente de uma série de incidentes na central de Dai-ichi desde 18 de março. Um rato provocou nessa data um curto-circuito num quadro elétrico temporário originando uma falha de eletricidade que durou 30 horas.
Duas semanas depois uma nova máquina para processar a água parou de funcionar quando um técnico premiu um botão errado. No dia seguinte, ocorreu outro apagão quando os empregados instalavam ratoeiras.
No mesmo dia registaram-se outros três incidentes menores e perdas de arrefecimento nas piscinas onde se armazena o combustível nuclear.
O ministro japonês de Economia, Comércio e Indústria, Toshimitsu Motegi, a quem competem também as questões energéticas, já chamou Naomi Hirose. "Se estes incidentes continuam todo o processo de desmantelamento da central pode ser afetado", declarou Motegi.
Pescadores céticos
A central de Fukushima é hoje uma enorme rede de condutas, canalizações e cabos elétricos, instalada para levar água até aos reatores danificados e piscinas de combustível dentro de edifícios em escombros.
"Fukushima Dai-ichi mantém-se numa situação extremamente instável, não há dúvidas quanto a isso," afirmou Shunichi Tanaka, diretor da Autoridade de Regulação do Nuclear esta quarta-feira numa reunião dos setor.
"Não podemos afastar a possibilidade de que problemas similares ocorram de novo. De cada vez que há um problema, as operações da central param e atrasa-se o objetivo principal de encerrar a central," acrescentou.A grande preocupação das autoridades com a recente fuga de água radioativa é a contaminação dos lençóis freáticos e do oceano próximo. A Tepco comprometeu-se já a vigiar atentamente a radioatividade dos terrenos.
A Toshiba está por seu lado a desenvolver um novo sistema de descontaminação da água, que só em setembro de 2013, no melhor cenário, poderá ser testado.
A Tepco espera usar este novo sistema para vir a lançar ao oceano água limpa até aos níveis de radioatividade legalmente permitidos, cerca de 100 becquerel (Bq) por litro, sendo o Bq a unidade que mede a radioatividade.
As cooperativas de pesca da zona, quase paradas desde o sismo, mostram-se céticas quanto às promessas de empresa e receiam que os problemas com o armazenamento da água radioativa continuem a piorar à medida que esta se for acumulando.
O processo de descontaminação da central de Fukushima pode levar 40 anos.