Clima. Apresentado plano estratégico para mobilizar pelo menos 1,3 biliões de dólares por ano

As Presidências da COP29 do Azerbaijão e da COP30 do Brasil anunciaram hoje um plano estratégico para mobilizar pelo menos 1,3 biliões de dólares por ano em financiamento climático para países em desenvolvimento até 2035.

Lusa /

"Precisamos agir --- e o momento é agora. Os compromissos climáticos para 2030 e 2035 nos oferecem uma oportunidade rara de transformar promessas em desenvolvimento real e sustentável --- protegendo o planeta, gerando empregos, fortalecendo comunidades e garantindo prosperidade para todos", frisou, em comunicado Mukhtar Babayev.

"Este é o início de uma era de transparência no financiamento climático", garantiu, por sua vez, Corrêa do Lago.

De acordo com a mesma nota, o plano estabelece cinco áreas prioritárias até 2030: Reabastecimento de subsídios, financiamento concessional e capital de baixo custo; Reequilíbrio do espaço fiscal e da sustentabilidade da dívida; Redirecionamento de financiamento privado transformador e redução do custo de capital; Reestruturação da capacidade e da coordenação para portfolios climáticos em escala e reformulação de sistemas e estruturas para fluxos de capital equitativos.

"Os recursos existem. A ciência é clara. O imperativo moral é inegável. O que resta é a determinação ", lê-se no relatório hoje apresentado.

Mais cedo, a ministra do Ambiente do Brasil, Marina Silva, cobrou hoje os recursos prometidos ao longo dos anos pelos países desenvolvidos para travar o aquecimento global.

"Há 30 anos que se debate, só que agora não tem mais o que protelar. A COP30 [30.ª conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas] tem o desafio de ser um novo marco referencial para a agenda do clima. A partir de agora é a implementação", disse Marina Silva, na véspera da Cimeira do Clima convocada pelo governo brasileiro e que reúne cerca de 60 chefes de Estado e de Governo e que antecede a COP30, que irá decorrer na cidade amazónica de Belém entre 10 e 21 de novembro.

"Precisamos dos recursos. Os compromissos assumidos têm de ser cumpridos para que não percamos a credibilidade", afirmou a ministra num discurso no Fórum de Líderes Locais, que terminou hoje no Rio de Janeiro.

Um dos principais desafios da COP30 é garantir a implementação dos compromissos climáticos existentes, o que exige o desembolso dos 300 mil milhões de dólares anuais prometidos pelos países desenvolvidos.

A Cimeira do Clima, que antecede a COP30, reunirá delegações de 143 países, das quais pouco mais de um terço serão chefiadas pelos respetivos líderes nacionais, com a ausência confirmada dos três líderes dos países mais poluidores do mundo (China, Estados Unidos e Índia).

Entre os líderes que confirmaram publicamente a sua presença estão o Presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Adotado em 2015, o Acordo de Paris compromete os seus signatários a reduzirem emissões de gases com efeito de estufa, para que o aquecimento global não ultrapasse o limite de 1,5 graus Celsius (°C) acima dos níveis pré-industriais, esperando-se agora que, 10 anos depois, os países lancem novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) para os próximos 10 anos.

De acordo com os cálculos do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP, na sigla em inglês) divulgados na terça-feira, o aquecimento da Terra deverá atingir este século entre 2,3 e 2,5 °C acima dos níveis da era pré-industrial se os países implementarem planos climáticos previstos até agora. 

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