Com sanções de Trump à vista. Maduro reivindica "apoio esmagador" do Conselho de Segurança

Os Estados Unidos sinalizaram, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, a intenção de impor sanções à Venezuela, colhendo críticas das delegações russa e chinesa.

Carlos Santos Neves - RTP /
Palácio de Miraflores via Reuters

Nicolás Maduro reivindicou, nas últimas horas, para a Venezuela um "apoio esmagador" no seio do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que esteve reunido de emergência para abordar o contexto de tensão crescente com a Administração norte-americana, na sequência da apreensão de petroleiros do país sul-americano.

"O Conselho de Segurança está a dar um apoio esmagador à Venezuela e ao direito à livre navegabilidade e ao livre comércio", clamou o presidente venezuelano no decurso de um evento público transmitido pela televisão estatal VTV."Nada nem ninguém poderá derrotar a nação", acentuou Maduro.

O presidente da Venezuela voltou a recorrer ao termo "pirataria" para descrever as apreensões de navios petrolíferos por parte dos Estados Unidos. A delegação dos Estados Unidos comunicou ao Conselho de Segurança da ONU a intenção de impor sanções à Venezuela, o que motivou críticas por parte de russos e chineses.

O embaixador norte-americano na ONU, Mike Waltz, prometeu sanções "ao máximo" contra o regime de Maduro, desde logo sobre as receitas petrolíferas, que, segundo o libelo da Casa Branca, visam financiar o denominado Cartel dos Sóis, que Washington conota com o presidente venezuelano, e o grupo Tren de Aragua. Ambos recebem a classificação de organizações terroristas por parte da Administração republicana.

Na terça-feira, a Assembleia Nacional venezuelana aprovou uma lei que estipula penas de até 20 anos de prisão para quem "promova, instigue, favoreça, facilite, apoie, financie ou participe em ações de pirataria, bloqueio ou outros ilícitos internacionais" contra entidades envolvidas em operações comerciais com a Venezuela.

Por sua vez, o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros reclamou também "uma grande vitória no seio das Nações Unidas", acrescentando ter fico patente que "nenhum país do mundo, nem mesmo os aliados históricos dos Estados Unidos, avaliza o uso ou a ameaça do uso da força" contra um país soberano sob o "falso pretexto" de se pretender travar o narcotráfico.

Ainda segundo Yván Gil, ficou igualmente demonstrado que a postura do presidente norte-americano, Donald Trump, para com a Venezuela corresponde a "uma lógica colonial, impulsionada a partir de Washington sob a Doutrina Monroe".Fica condenada após a reunião do Conselho de Segurança a "pirataria em alto-mar utilizada para se apropriar dos recursos petrolíferos venezuelanos", de acordo com o chefe da diplomacia venezuelana.

No decurso da reunião do Conselho de Segurança, convocada a por iniciativa da Venezuela, o embaixador russo denunciou a "atitude de cowboy da Administração Trump, antevendo mesmo "consequências catastróficas".

Para Vasili Nebenzia, as sucessivas operações norte-americanas violam "todas as normas fundamentais do Direito Internacional" e o bloqueio de petroleiros sancionados constitui uma "agressão flagrante". Washington impôs um bloqueio a todos os petroleiros sancionados que pretendam chegar ou partir da Venezuela.

o representante chinês Sun Lei reproduziu a oposição de Pequim a "todos os atos de unilateralismo e intimidação" e reafirmou o apoio "a todos os países na defesa da sua soberania e dignidade nacional".

Os recentes ataques militares norte-americanos contra embarcações alegadamente empenhadas em narcotráfico nas Caraíbas e no Pacífico fizeram já uma centena de mortos.


c/ agências

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