Mundo
Guerra na Ucrânia
Como os oligarcas russos contornam as sanções internacionais
A União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido anunciaram esta terça-feira listas de sanções. Apesar de haver uma aproximação cada vez maior entre os blocos, há ainda passos a dar no sentido da concertação. Para terem efeito, os oligarcas russos devem ser sancionados pela União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos em simultâneo, um nível de cooperação que ainda não existe.
Atualmente, as listas de sanções nestes três blocos não atingem as mesmas pessoas, deixando-as livres para movimentarem as suas fortunas.
As medidas restritivas impostas nos Estados Unidos aos empresários russos com fortes ligações ao regime de Vladimir Putin, tendo dessas ligações resultado elevados benefícios económicos, atingiram “apenas 10” dos cerca de 120 oligarcas, nota Bill Browder, investidor financeiro e ativista, citado pelo site americano The Daily Beast.
“Não atingiram sequer o mais proeminente ou famoso. Roman Abramovich ainda vive livre de sanções. Não sei porquê. Não tem explicação”, acrescenta Browder. Além de ser dono do Chelsea e de ter património imobiliário significativo, Abramovich também é o dono da Evraz plc, uma companha de aço que fornece o exército russo para a montagem dos tanques que agora invadem a Ucrânia.
Apesar de o presidente Joe Biden ter prometido juntar-se “aos nossos aliados europeus para encontrar e apreender os vossos iates, apartamentos de luxo e aviões privados”, muitos dos oligarcas continuam a contornar as repercussões económicas, que as suas ligações ao Kremlin acarretam.
“Se quiser mesmo bloquear estes indivíduos e entidades (…) precisa de um hat trick. Só funciona se os três [UE, Reino Unido e EUA] estiverem a trabalhar em conjunto e esse nível de cooperação ainda falta”, refere fonte relacionada com o Departamento de Estado norte-americano ao The Daily Beast.
De acordo com especialistas em crime financeiro, citados pelo mesmo site, o Ocidente tem sido lento a responder de forma concertada e os oligarcas russos não poupam esforços para evitar o escrutínio, o que inclui a contratação de lobistas ou o envolvimento em obras de caridade.
Sanções internacionais a retalho
Abramovich na lista negra da União Europeia
As medidas restritivas impostas nos Estados Unidos aos empresários russos com fortes ligações ao regime de Vladimir Putin, tendo dessas ligações resultado elevados benefícios económicos, atingiram “apenas 10” dos cerca de 120 oligarcas, nota Bill Browder, investidor financeiro e ativista, citado pelo site americano The Daily Beast.
“Não atingiram sequer o mais proeminente ou famoso. Roman Abramovich ainda vive livre de sanções. Não sei porquê. Não tem explicação”, acrescenta Browder. Além de ser dono do Chelsea e de ter património imobiliário significativo, Abramovich também é o dono da Evraz plc, uma companha de aço que fornece o exército russo para a montagem dos tanques que agora invadem a Ucrânia.
Apesar de o presidente Joe Biden ter prometido juntar-se “aos nossos aliados europeus para encontrar e apreender os vossos iates, apartamentos de luxo e aviões privados”, muitos dos oligarcas continuam a contornar as repercussões económicas, que as suas ligações ao Kremlin acarretam.
“Se quiser mesmo bloquear estes indivíduos e entidades (…) precisa de um hat trick. Só funciona se os três [UE, Reino Unido e EUA] estiverem a trabalhar em conjunto e esse nível de cooperação ainda falta”, refere fonte relacionada com o Departamento de Estado norte-americano ao The Daily Beast.
De acordo com especialistas em crime financeiro, citados pelo mesmo site, o Ocidente tem sido lento a responder de forma concertada e os oligarcas russos não poupam esforços para evitar o escrutínio, o que inclui a contratação de lobistas ou o envolvimento em obras de caridade.
Contudo, a “vontade política” cresceu, moldada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e o trabalho de entidades como o Gabinete dos Controlo de Bens Estrangeiros (OFAC, na sigla inglesa), afeto ao Departamento do Tesouro dos EUA, em colaboração com os serviços secretos, já começa a apresentar resultados.
Sanções internacionais a retalho
As sanções da União Europeia (EU), Reino Unido e EUA estão agora a ser atualizadas a um ritmo quase diário, obrigando os bancos internacionais a rever constantemente as listas de clientes que poderão se afetados e tentam controlar a exposição legal, refere ainda o site americano.
A expectativa dos especialistas em crime financeiro é que as sanções estejam em harmonia entre os três blocos. Mas ainda há um longo trabalho de concertação a fazer, pois as disparidades nas listas de sanções são evidentes. O site The Daily Beast pesquisou na base de dados para riscos globais Castellum.ai e apurou que entre 96 nomes de empresários e funcionários do governo russo, apenas 24 eram abrangidos por algum tipo de sanção na sequência da invasão da Ucrânia. Destes 24, apenas cinco pessoas eram visadas tanto na União Europeia, no Reino Unido e nos EUA.
No âmbito das sanções da UE anunciadas esta terça-feira, as transações com as empresas russas Rosneft e Grazprom estão proibidas, mas vai continuar a comprar-lhes combustíveis e outras matérias-primas, refere a agência Reuters. Já nos Estados Unidos, está vedada a entrada dos combustíveis da Gazprom. Por sua vez, o Reino Unido foi o único a aplicação sanções ao presidente da companhia russa, Alexey Miller.
Também esta terça-feira, o Reino Unido anunciou um novo conjunto de sanções, que deverá atingir centenas de empresários e próximos do presidente russo. O Reino Unido vai negar acesso à tarifa de “Nação mais favorecida” para centenas de produtos exportados da Rússia e Bielorrússia, retirando-lhes os benefícios de associado da Organização Mundial do Comércio.
Segundo as novas regras, uma série de produtos pagam uma tarifa adicional de 35 por cento. Além de vodka, ferro, aço, madeira, cobre, alumínio, prata, chumbo e minério de ferro russos vão pagar mais impostos para entrar no Reino Unido, refere o Governo britânico.
Do mesmo modo, o Departamento de Estado norte-americano anunciou sanções contra 11 altos funcionários da Defesa da Rússia, do Governo e do Exército, em retaliação pela invasão da Ucrânia.
No entanto, nos Estados Unidos, as sanções ainda não chegaram ao que já foi o homem mais rico da Rússia e que se acredita ter ligações aos serviços secretos russos, Oleg Deripaska nem ao fundador do Alfa Bank, Mikhail Fridman. Também escaparam às sanções nos Estados Unidos o ex-antigo marido de uma filha de Vladimir Putin, Kirill Shamalov e o fundador da empresa de fertilizantes PhosAgro Andrey Guryev.
Abramovich na lista negra da União Europeia
Esta tarde, o ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que o Portugal vai implementar as medidas restritivas contra os oligarcas russos decididas pela UE, mesmo se se tratar de cidadãos portugueses, como é o caso de Abramovich.
Considerado descendente de judeus sefarditas, expulsos da Península Ibérica durante a Inquisição, Abramovich obteve a cidadania portuguesa em Abril de 2021. Na semana passada, Abramovich começou a ser alvo de sanções no Reino Unido e consta do novo lote de sanções da UE desde esta quarta-feira devido aos “estreitos laços” com o presidente da Rússia.