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Confronto entre protestantes e católicos irlandeses. Acordo de Belfast foi assinado há 25 anos
Três décadas de violência entre as comunidades republicanas católicas e sindicalistas protestantes culminaram com o Acordo da Sexta-Feira Santa, assinado exatamente 25 anos, em Belfast. Morreram mais de 3.500 pessoas deste 1968. Esta semana, a data sobre o laço de paz vai contar com o presidente dos Estados Unidos da América cujas origens irlandesas serão destacadas durante as celebrações. De pano de fundo estão as tensões fronteiriças entre Irlandas, reavivadas com o Brexit.
O Acordo de Belfast, também conhecido por Acordo de Sexta-Feira Santa, foi assinado a 10 de abril de 1998 entre Londres, Dublin e os principais partidos políticos da Irlanda do Norte.
A nova Irlanda do Norte ficara com um estatuto de região semi-autónoma com um Governo partilhado entre o poder protestante e católico.
O acordo de paz foi conseguido com Tony Blair depois de se ter tornado primeiro-ministro do partido trabalhista da Grã-Bretanha e com o movimento político de resistência pacífica ao domínio britânico, Sinn Fein, que consegue um lugar na mesa de negociações.
Na equação, estava o braço armado do partido Sinn Fein, composto por grupos para-militares irlandeses - IRA (Exército Republicano da Irlanda) que lutavam contra o jugo de Londres. O IRA era acusado de ataques terroristas, mas à epoca do acordo, o IRA declarara um cessar-fogo.
Como parte do acordo ficou estabelecido que os grupos armados concordariam em desfazer-se das armas como também foram libertadas da prisão pessoas envolvidas nos atos de violência.
A Irlanda do Norte foi criada em 1921 e permaneceu parte do Reino Unido enquando o resto da Irlanda tornou-se um estado independente em 1922, como República da Irlanda (e, atualmente, membro oficial da União Europeia).
No enclave do norte da ilha cresceu uma divisão na população entre sindicalistas protestantes, que desejavam ver a Irlanda do Norte permanecer dentro do Reino Unido, e nacionalistas católicos, que preferiam que se tornasse parte da República da Irlanda.
Acordo de Belfast vs Brexit
Vinte e cinco anos passados sobre a assinatura do acordo de paz, o primeiro-ministro Rishi Sunak descreveu esse compromisso como um "momento incrível na história de nossa nação".
No enclave do norte da ilha cresceu uma divisão na população entre sindicalistas protestantes, que desejavam ver a Irlanda do Norte permanecer dentro do Reino Unido, e nacionalistas católicos, que preferiam que se tornasse parte da República da Irlanda.
Acordo de Belfast vs Brexit
Vinte e cinco anos passados sobre a assinatura do acordo de paz, o primeiro-ministro Rishi Sunak descreveu esse compromisso como um "momento incrível na história de nossa nação".
“O acordo é um exemplo extremamente raro entre pessoas que fazem o que antes era impensável para criar um futuro melhor" para a Irlanda do Norte, sublinhou Sunak.
"É nessa promessa de um futuro melhor que oferecemos a todos na Irlanda do Norte que estarei a pensar, em primeiro lugar, nos próximos dias", afirmou.
"Cumprir" essa promessa é da sua responsabilidade como primeiro-ministro, rematou.
Após o Brexit, a Irlanda do Norte tornou-se o único território do Reino Unido a ter uma fronteira terrestre com um país da UE - a República da Irlanda. Em cima da mesa estão a ser discutidos novos acordos fronteiriços com a República da Irlanda e investimentos a serem feitos na Irlanda do Norte
As verificações voltaram a ser necessárias para mercadorias transportadas entre o Reino Unido e os mercados da UE.
Mas ambos os lados concordaram que isso não deveria acontecer na fronteira irlandesa, para proteger o Acordo da Sexta-Feira Santa, porque temia-se que a cooperação transfronteiriça pudesse ser ameaçada com o regresso de postos de controlo.
Para manter a fronteira livre, o Reino Unido e a UE concordaram com o Protocolo da Irlanda do Norte. Implica que as mercadorias são verificadas para confirmar o cumprimento das regras da UE quando chegam à Irlanda do Norte vindas do resto do Reino Unido (Inglaterra, Escócia e País de Gales).
Os defensores deste plano, incluindo o partido nacionalista Sinn Féin, dizem que é necessário proteger o Acordo da Sexta-Feira Santa.
Mas os partidos unionistas, incluindo o Partido Unionista Democrático (DUP), afirmam, que esse protocolo prejudica o acordo porque os separa do resto do Reino Unido.
"É nessa promessa de um futuro melhor que oferecemos a todos na Irlanda do Norte que estarei a pensar, em primeiro lugar, nos próximos dias", afirmou.
"Cumprir" essa promessa é da sua responsabilidade como primeiro-ministro, rematou.
Após o Brexit, a Irlanda do Norte tornou-se o único território do Reino Unido a ter uma fronteira terrestre com um país da UE - a República da Irlanda. Em cima da mesa estão a ser discutidos novos acordos fronteiriços com a República da Irlanda e investimentos a serem feitos na Irlanda do Norte
As verificações voltaram a ser necessárias para mercadorias transportadas entre o Reino Unido e os mercados da UE.
Mas ambos os lados concordaram que isso não deveria acontecer na fronteira irlandesa, para proteger o Acordo da Sexta-Feira Santa, porque temia-se que a cooperação transfronteiriça pudesse ser ameaçada com o regresso de postos de controlo.
Para manter a fronteira livre, o Reino Unido e a UE concordaram com o Protocolo da Irlanda do Norte. Implica que as mercadorias são verificadas para confirmar o cumprimento das regras da UE quando chegam à Irlanda do Norte vindas do resto do Reino Unido (Inglaterra, Escócia e País de Gales).
Os defensores deste plano, incluindo o partido nacionalista Sinn Féin, dizem que é necessário proteger o Acordo da Sexta-Feira Santa.
Mas os partidos unionistas, incluindo o Partido Unionista Democrático (DUP), afirmam, que esse protocolo prejudica o acordo porque os separa do resto do Reino Unido.
A partir de 2022, o DUP recusou-se a partilhar o poder governativo até que estas questões fossem resolvidas - o que significa que a Irlanda do Norte não tem tido nenhum governo descentralizado, como está estabelecido no Acordo de Belfast.
O governo do Reino Unido criticou o protocolo, dizendo que estava "perturbando o equilíbrio do Acordo da Sexta-Feira Santa", levando a um impasse com a UE, que descreveu o protocolo como a "única solução" para proteger o processo de paz em Irlanda do Norte.
O governo do Reino Unido criticou o protocolo, dizendo que estava "perturbando o equilíbrio do Acordo da Sexta-Feira Santa", levando a um impasse com a UE, que descreveu o protocolo como a "única solução" para proteger o processo de paz em Irlanda do Norte.
Em fevereiro de 2023, o Reino Unido e a UE assinaram um novo acordo - o Windsor Framework - para alterar o protocolo, com o objetivo de reduzir significativamente o número de verificações de mercadorias provenientes da Grã-Bretanha que cheguem à Irlanda do Norte.
Biden e os laços familiares à Irlanda do Norte
Para assinalar o 25º aniversário Sunak conta com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Belfast durante esta semana. Biden tinha prometido voltar à região quando se tornasse presidente dos EUA.
Biden e os laços familiares à Irlanda do Norte
Para assinalar o 25º aniversário Sunak conta com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Belfast durante esta semana. Biden tinha prometido voltar à região quando se tornasse presidente dos EUA.
Depois de já ter estado no local em 2016, Joe Biden regressa a Ballina, cidade que se localiza nas margens do rio Moy, no noroeste da Irlanda. Será aqui que terminará a visita do presidente norte-americano.
"Ballina é um lugar muito especial para ele", explica Derek Leonard, proprietário de um bar que Biden visitou em 2016, e que mandou pintar um mural de cinco metros de altura quando venceu as eleições presidenciais em 2020.
Enquanto Leonard afirma com autoridade que os seus ancestrais conviveram com os de Biden na cidade, o primo distante do presidente norte-americano, Joe Blewitt descreve o parente: "Ele é como nós. Dá uma impressão de poder, mas é um homem comum."
"É muito especial, é claro, e muito difícil de descrever, conhecer o presidente dos Estados Unidos", explica Blewitt, à AFP.
Biden chegará à Irlanda do Norte na noite de terça-feira e e visitará também a República da Irlanda. Para além de Dublin, viajará até aos condados de Louth (leste) e Mayo (oeste), de onde os seus antepassados emigraram em meados do século XIX.
O antigo presidente norte-americano Bill Clinton também deverá assistir às comemorações em Belfast.
Biden chegará à Irlanda do Norte na noite de terça-feira e e visitará também a República da Irlanda. Para além de Dublin, viajará até aos condados de Louth (leste) e Mayo (oeste), de onde os seus antepassados emigraram em meados do século XIX.
O antigo presidente norte-americano Bill Clinton também deverá assistir às comemorações em Belfast.