Coreia do Sul. Partido no poder falou com PR e mantém pedido de suspensão
O líder do Partido Poder Popular (PPP) sul-coreano, Han Dong-hoon, comunicou hoje ao seu grupo parlamentar que mantinha o pedido de suspensão do Presidente Yoon Seok-yeol, depois de um encontro com o chefe de Estado.
Yoon enfrenta uma moção de destituição na Assembleia Nacional, que será votada no sábado, depois de ter decretado a lei marcial na terça-feira à noite, uma medida que anulou cerca de seis horas depois.
"Reuni-me com o Presidente Yoon, mas não ouvi nada que alterasse a minha opinião", terá dito Han aos deputados do Poder Popular após o encontro com o chefe de Estado, segundo fontes do PPP citadas pela agência sul-coreana Yonhap.
Funcionários do partido governamental disseram à Yonhap que Han se reuniu com Yoon à tarde (hora local, mais nove horas do que em Lisboa), a que se seguiu o encontro à porta fechada com o grupo parlamentar.
Segundo as mesmas fontes, Han comunicou que Yoon "não iria tomar quaisquer medidas especiais por agora".
O ministro da Defesa em exercício, Kim Seon-ho, assegurou hoje que não irá cumprir qualquer eventual pedido do Presidente Yoon para uma segunda declaração de lei marcial.
"As alegações sobre os preparativos para uma `segunda lei marcial`, levantadas hoje cedo, são totalmente infundadas", disse Kim, citado pelo jornal Chosun, o mais difundido na Coreia do Sul.
"Mesmo que tal pedido fosse feito, o Ministério da Defesa Nacional e o Estado-Maior Conjunto recusar-se-iam categoricamente a cumprir", acrescentou.
Antes do encontro com Yoon, Han tinha pedido a suspensão imediata do Presidente, alegando que o chefe de Estado tinha dado ordens para a detenção de vários dirigentes políticos durante a lei marcial.
"Tendo em conta as recentes informações, penso que é necessário suspender imediatamente o Presidente Yoon Suk-yeol das funções para proteger a República da Coreia [nome oficial do país] e o povo", declarou.
As palavras de Han, que sempre apoiou Yoon, foram interpretadas como uma nova mensagem aos deputados do PPP para que votassem a favor da moção de destituição.
A moção precisa de 200 votos para ser aprovada - dois terços da Assembleia Nacional - o que significa que pelo menos oito deputados do partido no poder terão de se somar aos 192 da oposição.
Na quinta-feira, Han tinha pedido unidade de voto aos parlamentares para impedir a destituição de Yoon.
Mas, horas mais tarde, a imprensa local noticiou que Yoon ordenara as detenções do próprio Han, do líder do Partido Democrático (PD, oposição), Lee Jae-myung, e do presidente do parlamento, o independente Woo Won-shik.
Os `media` sul-coreanos disseram que tinham sido mobilizadas unidades militares para efetuar as detenções.
O líder do PD também pediu a suspensão imediata de Yoon depois das declarações de Han.
"Um Presidente que põe em perigo a vida dos cidadãos através de actos inconstitucionais e ilegais não pode ser encarregado da governação do Estado nem por um momento", justificou Lee, numa declaração no parlamento".
Em declarações à agência francesa AFP, Lee considerou que a democracia sul-coreana está a viver o "momento mais crítico" da sua história, com a votação da destituição do Presidente marcada para as 19:00 de sábado (10:00 em Lisboa).
"As próximas horas são extremamente perigosas. Esta noite será o momento mais crítico", disse Lee.
O PD convocou os seus 170 deputados para acamparem no parlamento até à votação de sábado, a fim de evitar uma repetição dos acontecimentos da noite de terça para quarta-feira, quando tropas especiais tentaram tomar o edifício.
"As pessoas podem pensar que os militares e a polícia estariam relutantes em apoiar uma segunda tentativa, mas Yoon poderá explorar as lacunas para tentar novamente", alertou Lee.