Corsários em tempo de pandemia. França acusa EUA de desvio de carregamento na China

por Alexandre Brito - RTP
Equipamento continua a chegar aos EUA a todos os momentos Reuters

No meio de tantas dúvidas há um coisa que é certa. A deslocalização da produção e manufatura de produtos, como máscaras e outros equipamentos médicos, para a China está agora a provocar um grave problema em todos os países afetados pela Covid-19. Que o diga a França. Fontes oficiais acusaram os EUA de estarem a desviar carregamentos na China destinados àquele país.

De acordo com o jornal The Guardian, um enorme carregamento de máscaras já estava dentro de um avião, no aeroporto de Shangai, pronto para seguir para a França, quando compradores norte-americanos apareceram e ofereceram três vezes mais do que já estava acordado.

"Na pista, eles chegam, tiram o dinheiro....por isso temos mesmo que lutar" pelo equipamento, disse à rádio RTL Jean Rottner, médico e presidente do concelho regional de GrandEst. Uma espécie de corsários dos tempos modernos.

Apesar de este médico não ter identificado os compradores, ou para que estado norte-americano estavam a trabalhar, um outro oficial francês, mandatado pelo Executivo francês para comprar equipamento na China, afirmou que esse grupo estava a agir em nome do Governo norte-americano.
 Perante estas acusações, os EUA já vieram dizer que não compraram "quaisquer máscaras a serem enviadas da China para a França".
Outros países de alerta

A verdade é que os produtos escasseiam e outros países, alertados para esta situação, já estão a investigar se não foram também eles vítimas do mesmo problema. É o caso do Canadá, com o primeiro-ministro a ordenar uma auditoria para saber se também não foi desviado equipamento que tinha como destino o país.
EUA e os 23 aviões de carga na China

A prova do esforço que os Estados Unidos estão a fazer para abastecer o país com equipamento médico chega pela voz do ministro da Saúde brasileiro, Luiz Henrique Mandetta.

Ao mesmo tempo que lamentou as dificuldades que está a ter para adquirir máscaras, Mandetta disse que os EUA enviaram "23 dos seus maiores aviões de carga para a China para transportar equipamento que tinham comprado", dando a entender que muitas das encomendas que o Brasil tinha feito "ficaram por terra".

O problema nesta altura está no facto de, como diz o ministro brasileiro da Saúde. "Todo o mundo querer estas coisas. Há uma hiper procura".

De tal forma que aos brasileiros está a ser dito para improvisarem e fazerem máscaras com pedações de roupa.
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