Covid-19. Enfermeira na Alemanha suspeita de substituir vacinas por solução salina

por Andreia Martins - RTP
Denis Balibouse - Reuters

Uma investigação da polícia alemã concluiu que uma enfermeira da Cruz Vermelha terá vacinado mais de 8500 pessoas com uma solução salina em vez de uma inoculação contra a Covid-19. As autoridades do norte do país estão a contactar estes utentes para que recebam uma nova dose da vacina.

O episódio insólito ocorreu perto de Schortens, em Friesland, uma região rural perto da costa do Mar do Norte, entre os meses de março e abril, mas só agora veio totalmente a público. Na terça-feira, as autoridades alemãs apelaram aos cerca de 8500 residentes que terão sido afetados por esta troca para levarem uma nova dose da vacina.

Ainda que a solução salina seja inofensiva e não constitua qualquer perigo para a saúde de quem a recebeu - até porque é usada regularmente para diluir a vacina - os efeitos negativos poderão ser de outra ordem: entre março e abril, era sobretudo a população idosa ou com comorbilidades que estava a receber as inoculações. Ou seja, doentes de maior risco em caso de infeção. Médicos, enfermeiros e professores também estavam a ser vacinados no período em causa.

“Estou totalmente chocado com este episódio”, afirmou Sven Ambrosy, um político local, citado pela agência Reuters De acordo com os investigadores da polícia, os motivos da enfermeira para esta troca ainda não são claros, mas a polícia esclareceu que a mulher demonstrou ceticismo sobre as vacinas contra a Covid-19 em publicações nas redes sociais.

De acordo com o administrador distrital de Friesland, Sven Ambrosy, “um total de 8557 pessoas podem não ter recebido qualquer proteção vacinal, total ou parcial, embora presumam que receberam”.

Os episódios de vacinação trocada terão ocorrido entre 5 de março e 20 de abril. No final de abril, a ex-funcionária da Cruz Vermelha admitiu a um colega que substituiu seis vacinas da Pfizer/BioNTech com uma solução salina.

Inicialmente, na sequência deste caso, as autoridades recorreram a testes de anticorpos para verificar a proteção da vacinação em mais de 100 pessoas vacinadas naquele dia. Mas, no decorrer da investigação policial, surgiram indícios de que um grupo muito maior de pessoas tinha sido afetado, conta o jornal Die Zeit.

A emissora alemã NDR adianta que o caso foi entregue a uma unidade especial que investiga crimes de motivação política. Entretanto, todos os afetados vão receber um contacto direto do distrito de Friesland para marcar a vacinação em breve.
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