Dois comandantes da Marinha norte-americana responsáveis por um exercício no Mar da China Meridional garantem que estão a ser tomadas medidas "extraordinárias" por todos os que estão a bordo para impedir a propagação do novo coronavírus, incluindo a obrigatoriedade do uso de máscara.
“Tomámos medidas extraordinárias para proteger os nossos marinheiros da Covid-19, mas ainda assim [a doença] continua a ser uma ameaça real e requer constante vigilância”, declarou à CNN, na quarta-feira, o contra-almirante George Wikoff. “Toda a equipa a bordo [do USS Ronald Reagan e do USS Nimitz, onde decorre o atual exercício na China] é obrigada a usar máscara”.
A Marinha decidiu ainda criar horários de refeição alternados, incentivar o distanciamento social e trazer a bordo especialistas, incluindo microbiologistas e profissionais de saúde. “Essas medidas têm sido eficazes e neste momento navegamos livres de Covid-19”, garantiu Wikoff.
“Fomos muito eficientes ao aplicar as medidas de mitigação para proteger a saúde e a prontidão da tripulação”, acrescentou.
Apesar de agora os cuidados serem redobrados na Marinha, há alguns meses foram registados surtos em vários navios de guerra, o que originou várias críticas por parte da China.
Os grupos responsáveis pela missão no mar da China Meridional são compostos por mais de 12 mil marinheiros e pilotos. É a primeira vez que em seis anos que os dois grandes navios de guerra norte-americanos levam a cabo um exercício nessa região.
Desafiar as “reivindicações excessivas” de Pequim
Segundo o analista Carl Schuster, antigo diretor de operações no Centro de Inteligência Conjunto do Comando do Pacífico dos Estados Unidos, o objetivo do exercício em questão é enviar uma mensagem a Pequim: “A Marinha norte-americana está de volta depois de um período de atividade reduzida devido à Covid-19”.
Os comandantes da missão explicaram à CNN que a atividade no mar da China Meridional, que é quase na totalidade reclamado pela China, tem como intenção ressaltar o compromisso da Marinha de alcançar um Indo-Pacífico livre e aberto. “Se existem nações com reivindicações excessivas, nós vamos desafiá-las”, assegurou Wikoff.
Ainda na segunda-feira, Pequim tinha descrito como “desestabilizadora” a presença dos EUA na região. “A ação dos Estados Unidos pretende prejudicar a relação entre os dois países, promover a militarização do mar da China Meridional e enfraquecer a paz e a estabilidade” nesse mar, considerou o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.
A missão, durante a qual os dois navios de guerra e os pequenos navios que os acompanham operam 24 horas por dia, lançando centenas de aeronaves diariamente, decorre enquanto os próprios Estados Unidos estão a lidar com um aumento dos casos de Covid-19.
Ao contrário do que acontece nos navios, em terra há ainda divisão no que toca ao uso de máscaras, ao distanciamento social e à reabertura de escolas, estádios e negócios. O país é o mais afetado do mundo pela doença, quer a nível de infeções – quase três milhões desde o início da pandemia - como de mortes.