Covid-19. Trump suspende viagens da Europa para os EUA

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

O Presidente dos Estados Unidos anunciou, na quarta-feira, que vão ser fechadas as fronteiras dos Estados Unidos à Europa e aplicadas novas restrições às viagens a países europeus, para prevenir a propagação do novo coronavírus.

A partir da Sala Oval da Casa Branca, Donald Trump anunciou a suspensão de todos os voos oriundos de países da União Europeia, a partir de sexta-feira e por um período de pelo menos 30 dias.

"Para impedir que novos casos entrem no nosso país, vou suspender todas as viagens da Europa para os Estados Unidos pelos próximos 30 dias", informou o Presidente norte-americano.

Esta ordem de suspensão de viagens não se aplica, contudo, a cidadãos norte-americanos residentes ou com familiares na Europa, e "as novas regras entrarão em vigor sexta-feira à meia-noite", acrescentou.

As restrições "fortes, mas necessárias" de Donald Trump não vão ser impostas ao Reino Unido, que possui cerca de 460 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus.

Num comunicado da Casa Branca, emitido posteriormente ao discurso de Trump, é esclarecido que apenas as viagens de origem de qualquer um dos 26 países do Espaço Schengen, sem fronteiras, estão restritas. Ou seja, países como o Reino Unido e a Irlanda não serão afetados.
União Europeia "não tomou precauções"
Na quarta-feira, os Estados Unidos registavam mais de 1300 casos de infeção e 38 mortos devido ao novo coronavírus.

Nos últimos dias, Trump procurou minimizar a ameaça e culpar a Europa, alegando que os casos registados em território norte-americano foram "semados" por viajantes europeus. O Presidente acusa a União Europeia de não ter tomado "as mesmas precauções" que os EUA para evitar a propagação do vírus.

"A União Europeia falhou e não tomou precauções, restringindo as viagens da China e de outros locais com focos relevantes. Como resultado, um grande número de novas infeções surgiram nos Estados Unidos, provocadas por viajantes que chegaram da Europa", afirmou Donald Trump.
"Avançámos com ações antecipadas contra a China que salvaram vidas", disse Trump. "Agora devemos tomar a mesma ação com a Europa", acrescentou, esclarecendo a suspensão de voos de origem europeia.

No seu discruso, Trump afirmou ainda que "o vírus não terá chance contra" os EUA, pois "nenhuma nação é mais preparada ou mais resiliente que os Estados Unidos".

Ainda antes de falar da Casa Branca para o país, Donald Trump lembrou, através do Twitter, que o coronavírus é "um inimigo comum, na verdade, um inimigo do mundo".

"Não há nada mais importante para mim do que a vida e a segurança dos Estados Unidos", escreveu.

Autoridades da Segurança Interna norte-americanas esclareceram, entretanto, que as novas restrições de viagens se aplicariam apenas à maioria dos estrangeiros que estiveram no Espaço Schengen 14 dias antes da chegada programada aos Estados Unidos.

Inicialmente, o Presidente dos EUA disse que estas restrições se aplicariam também "à enorme quantidade de comércio e carga" vinda da Europa. Mas, posteriormente, Donald Trump esclareceu no Twitter que o comércio afinal "não seria afetado".

"A restrição aplica-se às pessoas e não a mercadoria", assegurou.

As autoridades de saúde garantem que o risco de infeção é baixo, neste momento, para o público em geral nos EUA, mas a preocupação aumentou depois de surgirem vários novos casos no início deste mês.

O facto é que, face ao avanço da epidemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.
UE pede aos EUA que evitem disrupção económica

O presidente do Conselho Europeu disse, esta quinta-feira, que após os Estados Unidos terem suspendido os voos provenientes da maioria dos paises europeus, é preciso evitar a disrupção económica.

"Após a suspensão de voos anunciadas pelo Presidente Donald Trump, vamos hoje avaliar a situação, a interrupção económica deve ser evitada”, frisa Charles Michel numa publicação feita na madrugada desta quinta-feira através da rede social Twitter.

O Conselho Europeu, em resposta às restrições de Trump, garante que a UE "está a tomar todas as medidas necessárias para conter a propagação do Covid-19, limitar o número de pessoas afetadas e apoiar a investigação", tentando assim responder às inquietações manifestadas pela administração norte-americana.
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