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Crise na fronteira. Bielorrússia tenta persuadir migrantes a regressarem

por RTP
EPA

A Bielorrússia indicou esta segunda-feira que está a tentar persuadir migrantes acampados junto à fronteira com a Polónia a voltarem para casa. Até ao momento, os esforços não foram bem sucedidos, adiantou o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko. A informação surge no mesmo dia em que a União Europeia deve anunciar novas sanções contra Minsk.

Minsk garante que está a trabalhar “ativamente” para retirar os migrantes encurralados na fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia.

“Estamos prontos, como sempre temos dito, para os colocar em aviões (…) que os levem de volta para casa. Há um trabalho em curso para convencer estas pessoas, mas ninguém quer voltar”, disse Alexander Lukashenko, citado pela agência estatal Belta.

Milhares de migrantes viajaram para a Bielorrússia na esperança de alcançar a União Europeia. Bruxelas acusa Minsk de orquestrar uma crise migratória artificial e instrumentalizar migrantes em resposta às sanções aplicadas ao regime bielorrusso.

Impedidos de entrar em território da União Europeia e incentivados a seguir caminho por Minsk, estes migrantes continuam em acampamentos precários na zona fronteiriça, sem saída e expostos a temperaturas agrestes.  

“Tenho de sublinhar que nós não queremos nenhum conflito na nossa fronteira. Para nós seria completamente prejudicial”, afirmou Lukashenko.

O líder bielorrusso acusou ainda a Polónia de “precisar” desta crise devido a “problemas internos” com os parceiros do bloco comunitário, numa referência a recentes decisões judiciais que elevaram as tensões entre Varsóvia e Bruxelas.
Migrantes em trânsito impedidos de seguir viagem

Entretanto, Bagdade anunciou esta segunda-feira a organização de um primeiro voo de repatriamento “voluntário” de migrantes que se encontrem atualmente na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia.

"O Iraque vai efetuar no dia 18 deste mês [quinta-feira], o primeiro voo para aqueles que voluntariamente queiram vir", disse Ahmed al-Sahaf, porta-voz do Ministério iraquiano dos Negócios Estrangeiros, em declarações à televisão pública do Iraque. 

De acordo com o porta-voz, há "571 iraquianos" bloqueados na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia que estão dispostos a regressar "voluntariamente" ao Iraque.

Em causa está um grupo de cidadãos que se encontra na Bielorrússia, maioritariamente originário da região autónoma do Curdistão iraquiano.

As ligações aéreas regulares entre Bagdade e Minsk já foram suspensas e os consulados da Bielorrússia em Bagdade e Erbil, capital do Curdistão iraquiano, foram encerrados na semana passada. 

Estas medidas “reduziram as viagens”, adiantou o porta-voz do Governo iraquiano. No entanto, o “problema” mantém-se porque há migrantes a chegarem de forma “indireta”, através de voos que chegam da Turquia, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Egito.

Esta segunda-feira, os Emirados Árabes Unidos anunciaram a restrição de voos para a Bielorrússia. Em comunicado, a transportadora estatal bielorrussa, Belavia, citada pela agência Reuters, adiantou que a decisão foi tomada no domingo.

Vários cidadãos afegãos, sírios, iemenitas e iraquianos foram impedidos de seguir em voos para a capital bielorrussa a partir do Dubai.

A companhia de aviação privada síria, Cham Wings Airlines, também interrompeu os voos para Minsk. Por sua vez, a Turquia está a proibir cidadãos de nacionalidade iraquiana, síria e iemenita de entrarem em território bielorrusso.
“Espiral de sanções”
Mesmo com estes últimos desenvolvimentos, a União Europeia deverá anunciar esta segunda-feira a imposição de novas sanções contra a Bielorrússia. Prevê-se que estas sanções visem especificamente transportadoras aéreas envolvidas em voos que transportaram migrantes.

Antes da reunião desta segunda-feira entre ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, adiantou que as companhias aéreas em causa devem parar de transportar migrantes para Minsk ou serão impedidas de aterrar na Europa.
“Não estamos nem próximos do fim da espiral de sanções”, ameaçou. “Lukashenko exige que removamos todas as sanções. Hoje vamos dar a nossa resposta”, acrescentou o diplomata alemão.

De acordo com Heiko Maas, estas novas sanções vão atingir com “maior severidade” todos os envolvidos no transporte de migrantes, mas alertou também que novas sanções económicas contra o país serão “inevitáveis”.

Também a presidente da Comissão Europeia falou esta manhã sobre as novas sanções a aplicar à Bielorrússia, acusando Minsk de um comportamento "pérfido" em relação aos migrantes.

A partir de Munique, Ursula Von der Leyen adiantou ainda que a UE está a tentar intervir nos países de onde os migrantes são originários.

Paralelamente, Bruxelas procura manter a pressão na Rússia: "O Presidente russo tem influência sobre Lukashenko e tem de usar essa influência. Os próximos dias serão decisivos", adiantou Von der Leyen.

c/ agências
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