Dados pessoais. Bruxelas quer respostas do Facebook em duas semanas

por RTP
Robert Galbraith - Reuters

A Comissão Europeia pediu respostas ao Facebook “nas próximas duas semanas” sobre as questões suscitadas pelo escândalo Cambridge Analytica, para apurar se os dados pessoais de cidadãos europeus foram afetados.

A comissária da Justiça enviou uma carta ao gigante digital Facebook, tendo a Agência France Presse tido acesso a excertos dessa missiva esta terça-feira. “Apreciaria uma resposta nas próximas duas semanas”, escreveu Vera Jourova.

O Executivo europeu quer igualmente informação sobre que medidas estão a ser tomadas pelo Facebook para evitar que casos como este se repitam.

“Escrevo-vos para compreender melhor como os dados dos utilizadores do Facebook, incluindo os cidadãos europeus, foram cair nas mãos de terceiros, sem o seu consentimento”, argumenta Jurova na sua carta ao número dois do Facebook, Sheryl Sandberg.

A comissária pergunta concretamente como é que o Facebook conta aplicar as regras europeias de confidencialidade dos dados e se houve “cidadãos europeus afetados pelo recente escândalo”.

“Se é este o caso, como contam informar as autoridades e os utilizadores”, pergunta a comissária Jourova.

“Têm a intenção de mudar o que quer que seja da vossa abordagem da responsabilidade social da empresa, em particular no que toca à transparência para com os vossos utilizadores e autoridades de regulamentação?”, questiona.

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, já tinha vindo convidar o patrão do Facebook a prestar esclarecimentos perante os eurodeputados.
Zuckerberg manda adjunto
Esta terça-feira, Mark Zuckerberg fez saber que não vai estar pessoalmente perante o comité parlamentar britânico que investiga o caso Cambridge Analytica para apurar como é que teve acesso a dados pessoais de milhares de utilizadores da rede social e seu uso para fins políticos.

De acordo com uma carta enviada pelo Facebook e a que a Reuters teve acesso, será enviado ao parlamento britânico Mike Schroepfer, chefe do gabinete de Tecnologia do Facebook ou Chris Cox, chefe de Produto. De acordo com a empresa, qualquer destes responsáveis estará em melhor posição para responder às questões que forem colocadas.

“O Facebook reconhece plenamente o nível de interesse público e parlamentar nestes assuntos e apoiamos a vossa ideia de que o caso tem de ser tratado nos níveis mais elevados da companhia, com posição de autoridade”, escreve Rebecca Stimson. “Como tal, Mr Zuckerberg pediu pessoalmente a estes responsáveis para que estejam disponíveis para fornecer pessoalmente ao comité”.

Os membros do Comité já fizeram saber que ainda assim pretendem ouvir Mark Zuckerberg, referindo que poderá ser tanto pessoalmente como por ligação vídeo.

O escândalo da Cambridge Analytica já fez esfumar dezenas de milhões de dólares em bolsa do grupo. O Facebook colocou no domingo uma página de publicidade em jornais britânicos e norte-americanos a pedir desculpa aos utilizadores, depois de na semana passada, Zuckerberg ter escrito isso mesmo na sua página na rede social.
pub