Democrata critica pagamento milionário dos EUA à Guiné Equatorial por deportados
O pagamento "incomum" de 7,5 milhões de dólares (6,48 milhões de euros) por Washington à Guiné Equatorial em troca do recebimento de imigrantes deportados foi criticado por uma democrata, que mencionou o histórico de corrupção do país africano.
"Escrevo em relação a um pagamento de 7,5 milhões de dólares feito diretamente ao Governo da Guiné Equatorial pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos em troca da aceitação, pelo país, de cidadãos de países terceiros expulsos dos Estados Unidos", escreveu a senadora democrata Jeanne Shaheen numa carta ao secretário de Estado, Marco Rubio.
A democrata de maior hierarquia na Comissão de Relações Exteriores do Senado insistiu que o acordo em causa é "altamente incomum" e levanta "sérias questões sobre o uso responsável e transparente do dinheiro dos contribuintes", referindo-se ainda ao Estado-membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) como "um dos Governos mais corruptos do mundo".
Segundo o jornal The New York Times, esse pagamento de 7,5 milhões de dólares é o maior acordo conhecido entre Washington e um país disposto a receber imigrantes deportados do território norte-americano.
Segundo Shaheen, o acordo representa uma "diferença marcante" face à assistência externa que os Estados Unidos historicamente forneceram a essa nação centro-africana, "tanto em termos de montante, quanto de entrega direta ao Governo".
A senadora assinalou que, segundo a organização Transparência Internacional, a Guiné Equatorial é um dos países mais corruptos do mundo, ocupando o 173.º lugar numa escala em que o 180.º país detém o maior nível de corrupção.
A democrata mencionou ainda o relatório de 2023 do próprio Departamento de Estado norte-americano, que observou, na época, que "a corrupção em todos os níveis de Governo era um problema sério" no país da CPLP.
"Há também sérias preocupações com o tráfico de seres humanos e as violações dos direitos humanos na Guiné Equatorial", acrescentou Shaheen na sua carta, enviada na segunda-feira.
A legisladora democrata referiu igualmente o Relatório de Tráfico de Pessoas de 2025 do Departamento de Estado, que identifica a "corrupção e a cumplicidade de funcionários do Governo em crimes de tráfico de pessoas" no país africano como uma "preocupação significativa".
Donald Trump regressou à Presidência dos Estados Unidos em janeiro deste ano prometendo realizar a maior campanha de deportação em massa de imigrantes indocumentados da história do país.
Nos primeiros meses do seu segundo mandato, o republicano firmou acordos com diversos países em troca da aceitação de imigrantes expulsos do território norte-americano. Entre eles, El Salvador e outras nações como Sudão do Sul e Ruanda, embora detalhes específicos sobre estes últimos sejam desconhecidos.