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Departamento de Justiça liberta novo conjunto de documentos relativos ao processo Epstein
Alguns dos documentos não são completamente desconhecidos. A Administração cede assim a uma pressão que vem tanto dos adversários políticos como dos próprios apoiantes.
O Departamento de Justiça norte-americano acaba de libertar um novo conjunto de documentos relativos às investigações sobre Jeffrey Epstein, criminoso sexual que morreu em 2019 na prisão enquanto aguardava julgamento e cuja rede de amizades o ligava a algumas das pessoas mais influentes dos Estados Unidos, entre estes o próprio presidente Donald Trump, muito pressionado nos últimos meses a abrir o processo ao público.
Face à pressão para libertar os ficheiros da investigação a Jeffrey Epstein, o Departamento de Justiça divulgou esta sexta-feira um novo conjunto de documentos, havendo no entanto elementos agora mostrados que já não são eram desconhecidos.
A divulgação acontece após meses de disputas políticas que opuseram alguns dos mais radicais apoiantes de Trump, levando mesmo a uma rebelião após a relutância do presidente em tornar públicos todos os registos ligados às investigações sobre Epstein.
A base MAGA de Trump vive obcecada com este escândalo e já se tinha indignado quando no Verão o Departamento de Justiça anunciou não ter descoberto qualquer elemento novo que justificasse a publicação de documentos adicionais ou novas acusações.
Após meses de revolta, o presidente acabou por ceder à pressão do Congresso, incluindo eleitos republicanos, e em novembro promulgou uma lei que impunha a publicação da totalidade dos documentos não classificados em sua posse.
Após meses de revolta, o presidente acabou por ceder à pressão do Congresso, incluindo eleitos republicanos, e em novembro promulgou uma lei que impunha a publicação da totalidade dos documentos não classificados em sua posse.
Já hoje, Todd Blanche, número dois do Departamento de Justiça, anunciou que uma primeira parte do processo de investigação contendo centenas de milhares de documentos seria publicada ainda esta sexta-feira. Outros elementos adicionais seriam abertos ao público "nas próximas semanas", acrescentou.
Uma lei aprovada pelo Congresso dava à Administração até à meia-noite desta sexta-feira para publicar todos os documentos em sua posse sobre Jeffrey Epstein, cuja morte na prisão em 2019 alimentou inúmeras teorias da conspiração.
Como refere a Reuters, o Departamento de Justiça acrescentou uma nota na página onde publicou os links para os documentos, afirmando que “todos os esforços razoáveis foram feitos” para ocultar as informações pessoais das vítimas, alertando contudo para a possibilidade de algumas poderem ser divulgadas inadvertidamente.
A divulgação ocorre num ambiente de contestação à hesitação do presidente Trump em abrir a investigação ao público, que há muito desconfia do grupo de envolvidos nas violações, devido à rede de amizade que Epstein mantinha com algumas das personalidades mais poderosas dos Estados Unidos.
O presidente norte-americano manteve uma relação de amizade durante décadas com Epstein, mas garante não ter qualquer relação com os factos que levaram o magnata a cair em desgraça e nas mãos da justiça. Repetiu já que nunca visitou a sua ilha privada.
Após a libertação dos documento, esta sexta-feira, um democrata da Câmara dos Representantes já veio dizer que a divulgação dos arquivos de Epstein está incompleta e com muitas partes editadas.
Deste novo lote agora divulgado, entre documentos já conhecidos, constam fotografias e chamadas telefónicas. São documentos que vão detalhando duas décadas de investigações governamentais sobre o abuso sexual de mulheres – incluindo jovens e menores.
As mulheres que acusam Jeffrey Epstein questionam a razão pela qual as autoridades federais americanas encerraram uma investigação inicial, de 2008, sobre este escândalo.
Inquéritos ao público mostram que parte substancial da população americana acredita que Donald Trump sabia dos crimes do financeiro, estando por saber agora qual era o seu real envolvimento nestes episódios.